Preta Gil morre aos 50 anos nos EUA
Cantora estava em Nova York para tratamento contra câncer; trajetória artística e legado marcam gerações
Por Plox
20/07/2025 21h26 - Atualizado há 1 dia
A artista Preta Gil morreu neste domingo (20), aos 50 anos, em decorrência de complicações causadas por um câncer no intestino, doença contra a qual lutava desde janeiro de 2023. Ela se encontrava nos Estados Unidos, onde havia iniciado um tratamento experimental após o retorno da doença.

O câncer, inicialmente tratado com quimioterapia, radioterapia e uma cirurgia realizada em agosto de 2024 no Brasil, reapareceu em outras regiões do corpo. Diante do agravamento do quadro, Preta seguiu para Nova York, onde estava hospedada, realizando sessões de terapia em um centro médico especializado em Washington.

Filha do cantor Gilberto Gil e sobrinha de Caetano Veloso, Preta era também afilhada de Gal Costa. Deixou a carreira como produtora e publicitária aos 29 anos para estrear como cantora com o álbum \"Prêt-à Porter\". O disco, que gerou críticas ao trazê-la nua na capa, inclui o sucesso \"Sinais de Fogo\", feito por Ana Carolina especialmente para ela. \"Eu lembro que fui mostrar para o meu pai e ele falou: ‘Desnecessário, Preta’\", contou a cantora em entrevista a Pedro Bial.
Ele sabia exatamente o que eu ia passar depois.
O segundo álbum, “Preta”, chegou em 2005 com faixas como “Muito Perigoso” e “Eu e você, você e eu”. Já em 2010, lançou o terceiro trabalho, “Noite Preta”, com o qual percorreu o país por sete anos.

Nesse mesmo período, criou o “Baile da Preta”, show com repertório eclético que unia MPB, axé, funk e sertanejo. “O Baile da Preta retrata a minha personalidade musical, meu ecletismo, meu gosto e meu respeito pela MPB”, dizia em seu site. No mesmo ano, passou a apresentar o programa “Vai e Vem”, com conversas sobre sexualidade em um cenário de elevador. “Queria que fosse um programa sem vulgaridade, com inteligência, com humor”, disse em entrevista a Jô Soares.
Em 2012, veio o álbum “Sou como Sou”, com as canções “Mulher Carioca” e “Relax”. Três anos depois, gravou o DVD “Bloco da Preta”, celebrando uma década de carreira com ritmos diversos e participações de Lulu Santos, Ivete Sangalo, Anitta, Israel Novaes e Thiaguinho.
O “Bloco da Preta”, um dos maiores do carnaval do Rio de Janeiro, surgiu em 2010 e levou mais de 500 mil foliões às ruas em 2017 com uma homenagem a Chacrinha.
É o momento ápice do meu ano. Trabalho o ano inteiro, faço mil atividades, mas o meu grande 'xodó' é o Bloco da Preta, contou ao g1.
O sexto e último álbum, “Todas as Cores”, lançado em 2017, foi distribuído digitalmente e contou com parcerias de peso como Pabllo Vittar, Marília Mendonça e Gal Costa. Em 2021, gravou “Meu Xodó” ao lado do filho Fran, dizendo que a música a ajudou a reencontrar forças: “Se não fosse o Fran, eu talvez tivesse perdido a minha voz mesmo”, declarou ao g1.
Além da música, Preta participou de novelas e séries como “As Cariocas”, “Ó Paí, Ó” e “Vai que Cola”. Também atuou como empresária, sendo uma das fundadoras da agência Mynd, que gerenciava a imagem de artistas como Luísa Sonza, Camilla de Lucas e Pabllo Vittar.
Nascida da união entre Gilberto Gil e Sandra Gadelha, era irmã de Pedro e Maria, e tinha mais cinco irmãos por parte do pai: Nara, Marília, Bem, José e Bela Gil. Seu primeiro casamento foi com o ator Otávio Müller, em 1994, com quem teve seu único filho, Francisco Gil, pai de sua neta Sol de Maria. O casal se separou em 1995.
Em 2009, Preta se casou com o mergulhador Carlos Henrique Lima, de quem se separou em 2013. No mesmo ano iniciou relacionamento com Pedro Godoy, casamento que durou até 2023, encerrado durante o processo de tratamento contra o câncer.
A trajetória de Preta Gil se destacou por sua versatilidade, autenticidade e contribuição artística à música brasileira. Seu legado ecoa não apenas nas canções que interpretou, mas também na força com que enfrentou a vida e a doença até o fim.