PF indicia Bolsonaro e filho por tentativa de interferência e mira Malafaia

Ação da Polícia Federal aponta tentativas de Jair e Eduardo Bolsonaro de atrapalhar investigações sobre o golpe, com envolvimento do pastor Silas Malafaia

Por Plox

20/08/2025 19h19 - Atualizado há 3 dias

Na quarta-feira, 20 de agosto, a Polícia Federal apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um relatório que resultou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ambos são acusados de tentar coagir e interferir nas investigações que apuram uma tentativa de golpe de Estado no país.


Imagem Foto: Agência Brasil


As medidas adotadas pela PF não se limitaram aos dois parlamentares. O pastor Silas Malafaia também se tornou alvo da operação, com mandados de busca e apreensão cumpridos, além da retenção de seu passaporte. Ele teve seu celular e outros materiais recolhidos pelas autoridades.



O pastor, que retornou ao Brasil vindo de Lisboa, foi abordado pela Polícia Federal logo após desembarcar no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. De lá, seguiu diretamente para prestar depoimento.


Durante as investigações, a Polícia Federal conseguiu recuperar dados anteriormente apagados dos celulares de Jair Bolsonaro, entre eles mensagens trocadas com Eduardo Bolsonaro e Silas Malafaia. Esses conteúdos, de acordo com os investigadores, demonstrariam esforços de articulação para intimidar autoridades e comprometer o andamento das apurações sobre a suposta trama golpista.



Um dos episódios que chamou a atenção dos agentes aconteceu em 25 de julho de 2025. Pouco depois de ativar um novo celular, Bolsonaro recebeu mensagens de Malafaia com instruções para disseminar dois vídeos nas redes sociais. As mensagens diziam:


“ATENÇÃO! Dispara esse vídeo às 12h”

e
“Se você se sente participante desse vídeo, compartilhe. Não podemos nos calar!”

A Polícia Federal aponta que o ex-presidente utilizou ativamente as redes sociais, contrariando medidas cautelares impostas pela Justiça, e que essa atuação digital fazia parte de uma estratégia coordenada para manter influência política mesmo após deixar o cargo.


O inquérito, que foi instaurado em maio deste ano a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), também apura a atuação de Eduardo Bolsonaro em solo internacional. Há indícios de que o deputado teria buscado apoio junto ao governo dos Estados Unidos, com o objetivo de pressionar e tentar impor sanções a ministros do Supremo Tribunal Federal.



Além disso, os agentes identificaram conversas em que Jair Bolsonaro discutia com aliados a possibilidade de solicitar asilo político ao presidente da Argentina, Javier Milei. A medida, segundo os investigadores, poderia ter sido uma alternativa para escapar das consequências jurídicas no Brasil.


O relatório que embasou o indiciamento também informa que Bolsonaro já cumpre prisão domiciliar por descumprir decisões judiciais anteriores. Em julho, o ministro Alexandre de Moraes determinou a prorrogação das investigações por mais 60 dias, alegando a necessidade de novas diligências.



A atuação da Polícia Federal representa mais um capítulo nas investigações que se desdobram sobre os eventos pós-eleições e as tentativas de desestabilização institucional no país.


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