Cientistas identificam novo grupo sanguíneo após décadas de pesquisa

Descoberta do grupo sanguíneo MAL permite maior segurança em transfusões para uma parcela rara da população mundial.

Por Plox

20/09/2024 14h48 - Atualizado há 9 meses

Pesquisadores do NHS Blood and Transplant, serviço de coleta de sangue do Serviço Nacional de Saúde da Inglaterra, revelaram uma descoberta importante na área da saúde: um novo grupo sanguíneo denominado MAL (sigla para proteína de Mielina e Linfócitos). O estudo traz à tona a solução para um mistério de mais de 50 anos envolvendo o antígeno AnWj, que não é produzido por pessoas que não possuem o gene MAL, cuja origem genética até então não havia sido identificada.

Foto: Divulgação / NHS Bloond and transplant

Solução para um mistério de cinco décadas

O antígeno AnWj, envolto em mistério por mais de cinco décadas, foi finalmente esclarecido com a identificação do gene MAL. Pessoas que são AnWj-negativas não possuem o gene responsável por produzir a proteína MAL. Esta proteína, agora compreendida, é crucial para determinar a presença do antígeno AnWj no sangue.

A descoberta, realizada em parceria com a Universidade de Bristol, destaca que a maioria da população mundial é positiva para o antígeno AnWj. No entanto, 0,1% da população não possui o gene MAL, tornando essas pessoas AnWj-negativas. Em alguns casos, doenças podem causar a AnWj-negatividade, mas a pesquisa identificou também uma forma hereditária deste fenótipo em um número restrito de indivíduos.

Riscos em transfusões de sangue e novas possibilidades de tratamento

Uma das maiores implicações dessa descoberta é a segurança nas transfusões de sangue. Pessoas que são AnWj-negativas podem sofrer reações graves ao receber sangue AnWj-positivo, o que torna indispensável a criação de novos testes para identificar esse fenótipo raro. Além disso, a pesquisa revela que a ausência do antígeno AnWj pode estar relacionada a distúrbios hematológicos e alguns tipos de câncer, o que abre novas possibilidades de tratamento.

Segundo a pesquisadora sênior do NHS Blood and Transplant, Louise Tilley, que esteve à frente dessa descoberta, essa é uma grande conquista para a equipe e trará melhorias significativas no atendimento a pacientes raros. “O histórico genético do AnWj é um mistério há mais de 50 anos, e eu, pessoalmente, venho tentando solucioná-lo há quase 20 anos de minha carreira”, declarou Tilley. A pesquisadora ressaltou ainda que, embora esses pacientes sejam raros, "são muito importantes" e agora terão acesso a tratamentos mais seguros e eficazes.

Impactos futuros na medicina transfusional

A descoberta do grupo sanguíneo MAL marca um avanço no campo da medicina transfusional, permitindo a criação de novos protocolos para evitar complicações em transfusões de sangue. Os cientistas acreditam que essa identificação facilitará o diagnóstico de outros indivíduos AnWj-negativos, possibilitando maior segurança e tratamentos personalizados para esses pacientes.

A pesquisa foi publicada na renomada revista Blood, especializada em hematologia, e representa um marco para a medicina, trazendo à luz um novo campo de estudo para profissionais de saúde ao redor do mundo.

 

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