Estresse pode desencadear AVC: saiba como identificar os sintomas e prevenir complicações
Estresse crônico pode aumentar risco de AVC, que afeta até jovens; médico explica como reconhecer sinais e sugere estratégias de prevenção.
Por Plox
20/10/2024 11h49 - Atualizado há 2 meses
As doenças cardiovasculares, incluindo o Acidente Vascular Cerebral (AVC), são responsáveis por cerca de 400 mil mortes anuais no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Embora o avanço dessas doenças já seja amplamente estudado, uma questão se destaca: o impacto crescente do estresse na saúde cardiovascular. O estresse prolongado não só agrava os fatores de risco para doenças como o AVC, mas também contribui para que esses problemas afetem cada vez mais jovens adultos, devido a rotinas intensas e ambientes de trabalho estressantes.
A relação entre estresse e AVC
O médico neurocirurgião e membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Felipe Mendes, explica que o estresse crônico desencadeia uma série de reações no corpo que aumentam a chance de um AVC. Segundo ele, "o estresse, principalmente quando prolongado, pode desencadear respostas no sistema nervoso e endócrino que elevam a pressão arterial, causam inflamação e disfunção nos vasos sanguíneos, o que aumenta o risco de eventos cardiovasculares, incluindo o AVC."
Ele detalha que o estresse crônico ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, liberando hormônios como cortisol e catecolaminas, que elevam a frequência cardíaca e provocam vasoconstrição. Isso, por sua vez, leva à hipertensão, um dos principais fatores de risco para AVCs, sejam eles isquêmicos ou hemorrágicos. O médico também alerta que o estresse favorece hábitos de vida prejudiciais, como sedentarismo, tabagismo e alimentação inadequada, que agravam ainda mais o risco de problemas cardiovasculares.
Além disso, Mendes ressalta que, embora o estresse agudo possa ser um gatilho para um AVC, é o estresse crônico que tem um impacto cumulativo no organismo, contribuindo para o surgimento de doenças vasculares ao longo do tempo.
Sintomas do AVC e do estresse: saiba diferenciar
Um dos grandes desafios é diferenciar os sintomas do estresse dos sinais de um AVC, especialmente porque alguns sintomas podem parecer semelhantes, como dor no peito e fraqueza. Mendes destaca que o AVC é uma emergência médica e seus sintomas são mais abruptos e graves. Ele lista os sinais comuns de um AVC:
- Fraqueza ou paralisia súbita em um lado do corpo, afetando o braço, a perna ou o rosto;
- Dificuldade de fala ou compreensão (afasia);
- Alterações visuais, como perda de visão ou visão turva;
- Tontura e perda de coordenação, o que pode causar quedas;
- Dor de cabeça intensa e súbita, especialmente no caso de AVC hemorrágico, que pode vir acompanhada de náuseas ou vômitos.
Já os sintomas de estresse tendem a ser mais sutis e se desenvolvem ao longo do tempo, particularmente em sua forma crônica. Eles incluem:
- Dor de cabeça e tensão muscular, principalmente no pescoço e ombros;
- Cansaço e distúrbios do sono;
- Dor no peito e aumento da frequência cardíaca;
- Irritabilidade, ansiedade, sensação de sobrecarga e desânimo;
- Dificuldades de concentração, memória e pensamento acelerado.
Ambas as condições exigem atenção, sendo o AVC uma emergência e o estresse crônico uma questão que precisa de controle para evitar complicações futuras.
Prevenção: atividade física e alimentação equilibrada são essenciais
Para prevenir tanto o estresse quanto o AVC, o médico Felipe Mendes destaca a importância da atividade física e de uma alimentação saudável. "A prática regular de exercícios reduz os níveis de cortisol e aumenta a liberação de endorfinas, promovendo bem-estar, melhorando o sono e ajudando a controlar o estresse e a ansiedade", explica. Além disso, o exercício físico melhora a circulação sanguínea, ajuda a manter o peso saudável e reduz a inflamação no corpo, fatores essenciais para a prevenção do AVC.
Em termos de alimentação, Mendes recomenda uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras saudáveis, como azeite de oliva e abacate. Ele afirma que esses alimentos ajudam a controlar a pressão arterial e o colesterol, prevenindo o acúmulo de placas nas artérias. "É fundamental evitar o consumo excessivo de sal, açúcares e gorduras saturadas, que são fatores de risco para hipertensão e doenças cardiovasculares", alerta.
Alimentos que ajudam a prevenir doenças cardiovasculares
Mendes também oferece dicas sobre alimentos que podem ajudar a controlar a pressão arterial e prevenir doenças cardiovasculares. Ele destaca a importância de alimentos ricos em antioxidantes, vitaminas do complexo B e ômega-3, como peixes, nozes e frutas. Esses nutrientes ajudam a combater a inflamação e melhoram a função cerebral, reduzindo os efeitos negativos do estresse crônico.