A origem do dia da consciência negra e a luta por reconhecimento histórico

O Dia da Consciência Negra, celebrado neste 20 de novembro, tornou-se feriado nacional pela primeira vez em 2024, após a aprovação da Lei 14.759/2023. A data homenageia Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo do Brasil no período colonial, morto em 1695. Sua escolha foi proposta como alternativa ao 13 de maio, que marca a abolição da escravatura.

A papel do grupo palmares

A criação da data foi liderada pelo Grupo Palmares, formado em 1971 por jovens estudantes negros do Rio Grande do Sul durante o regime militar. A organização propôs a data da morte de Zumbi como marco, destacando a luta pela valorização da história e da cultura negra no Brasil.

Antônio Carlos Côrtes, advogado, escritor e um dos fundadores do grupo, encontrou a data do falecimento de Zumbi enquanto pesquisava na Biblioteca Pública de Porto Alegre. “Descobri o dia da sua morte: 20 de novembro de 1695”, relembra Côrtes, que cresceu enfrentando desafios sociais e raciais nos morros da capital gaúcha.

Junto a Côrtes, destacaram-se outros integrantes, como o poeta Oliveira Silveira, Ilmo Silva, Vilmar Nunes e Luiz Paulo Assis Santos. Reunidos em encontros, os membros do grupo discutiam democracia e políticas públicas voltadas para a população negra.

O grupo propôs o 20 de novembro como uma alternativa ao 13 de maio, criticando a ausência de políticas públicas para os libertos após a abolição da escravatura. A ideia ganhou força quando um jornalista carioca a divulgou, inspirando movimentos como o Movimento Negro Unificado (MNU), fundado em 1978.

Aprovação do feriado nacional

O presidente Lula sancionou a lei que tornou o Dia da Consciência Negra um feriado nacional em 21 de dezembro de 2023. A iniciativa foi liderada pela bancada negra no Congresso, após anos de reivindicações de ativistas.

Desde 2011, a data já era reconhecida como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, mas apenas em 2023 foi estabelecida como feriado em todo o país.