Militar usou dados de acidente para tramar contra Alexandre de Moraes

Major utilizou informações de vítima de colisão para ativar linha telefônica e planejar ataques; operação investiga militares envolvidos em planos antidemocráticos.

Por Plox

20/11/2024 13h55 - Atualizado há cerca de 17 horas

O major Rafael Martins de Oliveira, integrante das Forças Especiais do Exército, utilizou dados pessoais de Lafaiete Teixeira Caitano, com quem se envolveu em um acidente de trânsito, para habilitar clandestinamente uma linha telefônica. Essa linha foi utilizada em um grupo no aplicativo Signal, denominado “Copa 2022”, onde militares planejavam ações ilícitas, incluindo ataques contra autoridades como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O acidente ocorreu na noite de 24 de novembro de 2022, na BR-060, próximo ao restaurante "Sete Curvas", no sentido Brasília-Goiânia. Após a colisão, o major fotografou a CNH de Lafaiete, expondo seus dados pessoais, que mais tarde foram usados para registrar a linha telefônica e criar um perfil no aplicativo Signal sob o codinome “teixeiralafaiete230”.

Foto: Reprodução/PF

Provas e identificação do envolvido
Uma perícia realizada pela Polícia Federal (PF) confirmou que as impressões digitais captadas em uma das fotos tiradas pelo próprio major correspondiam às de Rafael Martins de Oliveira. Essa evidência foi obtida após análise realizada pelo Instituto Nacional de Identificação (INI). Além disso, as investigações apontaram que a linha telefônica foi habilitada em 8 de dezembro de 2022, poucos dias após o acidente.

A técnica utilizada por Rafael faz parte de uma prática chamada “anonimização”, prevista na doutrina de Forças Especiais, cujo objetivo é mascarar a identidade do usuário real de uma linha telefônica.

Operação Contragolpe e alvos
A PF deflagrou a operação Contragolpe para investigar um plano de golpe de Estado e assassinato de autoridades, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Quatro militares de elite conhecidos como “kids pretos” foram presos preventivamente, além de um policial federal.

Perfis dos envolvidos

Mário Fernandes: General reformado, ex-assessor de Eduardo Pazuello, esteve envolvido em atividades ligadas a planejamentos antidemocráticos. Ele foi afastado de funções públicas por ordem de Alexandre de Moraes em março de 2024.

Hélio Ferreira Lima: Ex-comandante de Forças Especiais em Manaus, permaneceu em silêncio ao depor sobre seu envolvimento no plano.

Rafael Martins de Oliveira: Além de usar dados de terceiros para ações clandestinas, Rafael é acusado de negociar financiamento para movimentações golpistas.

Rodrigo Bezerra de Azevedo: Doutorando em ciências militares, tem especialização em operações de guerra não convencional e participação em missões internacionais.

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