Mudanças climáticas intensificam riscos em Minas Gerais

Estudo revela aumento de tempestades extremas e agravamento da seca, impactando saneamento e abastecimento no estado.

Por Plox

20/11/2024 10h27 - Atualizado há cerca de 20 horas

Minas Gerais se destaca como um dos estados mais vulneráveis do Brasil às mudanças climáticas, segundo um estudo do Instituto Trata Brasil divulgado em 19 de novembro. Tempestades, ondas de calor e secas severas ameaçam os sistemas de abastecimento de água e saneamento, colocando 78% das cidades mineiras sob risco alto ou muito alto de tempestades extremas. Esses fenômenos são caracterizados por chuvas intensas em períodos curtos, como as que provocaram inundações em Sabará, em 2022.

CHUVAS EM SABARÁ: VOLUME DAS ÁGUAS FAZ CIDADE SOFRER COM INUNDAÇÕES E DESLIZAMENTOS Foto: Prefeitura de Sabará

Impactos nas estruturas de saneamento
A presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, alerta para os efeitos devastadores desses eventos na infraestrutura. "Chuvas intensas acumulam sedimentos nos mananciais, tornando o tratamento de água mais complexo. Muitas estações não estão preparadas para tratar volumes tão altos de precipitação, comprometendo os parâmetros de potabilidade exigidos pelo Ministério da Saúde." A ruptura de tubulações e interrupções no fornecimento de água também são frequentes, especialmente em áreas vulneráveis.

Ondas de calor e estiagens prolongadas
Além das tempestades, o estudo aponta que 58% dos municípios mineiros podem enfrentar ondas de calor com maior frequência e intensidade até 2050, elevando a demanda por água e reduzindo os volumes de rios e reservatórios. Estiagens prolongadas já afetam regiões como o Norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha, onde secas podem se estender por até 30 dias consecutivos adicionais por ano. Em períodos recentes, mais de 300 cursos d'água secaram, impactando diretamente cerca de 20 mil famílias.

Desigualdades no acesso à água
Os eventos climáticos extremos ampliam desigualdades sociais. Áreas rurais e periféricas, com redes de abastecimento precárias, sofrem mais intensamente. "Durante tempestades, estruturas de drenagem inadequadas causam infiltrações e rompimentos nas redes de esgoto, contaminando rios e expondo a população a riscos de doenças", explica Pretto. Em períodos de calor, moradores recorrem a fontes de água não tratadas, aumentando os riscos à saúde.

Necessidade de planejamento e políticas públicas
A modernização das infraestruturas de saneamento é uma das principais soluções indicadas pelo estudo. Pretto reforça a urgência de medidas preventivas: "Mesmo com eventos extremos, a população precisa ter acesso contínuo a água e saneamento." O relatório sugere políticas públicas integradas de saneamento e gestão de recursos hídricos, além de estratégias para mitigar perdas de água tratada.

Conscientização e educação ambiental
A bióloga e especialista em Direito Ambiental Cristiana Nepomuceno destaca que a conscientização e a aplicação efetiva das leis ambientais são fundamentais para enfrentar os desafios climáticos. "Temos uma legislação robusta, mas é preciso tirá-la do papel. Educação ambiental nas escolas é essencial para mudar comportamentos e promover práticas sustentáveis, como reaproveitamento de água e recuperação de áreas degradadas."

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