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Caminhoneiro admite ter forjado sequestro com explosivos no Rodoanel

Motorista de 52 anos confessou que quebrou o próprio para-brisa com uma pedra e montou falso artefato explosivo, mobilizando o Gate e bloqueando trecho do Rodoanel Mário Covas, na Grande São Paulo; ele foi indiciado por falsa comunicação de crime

20/11/2025 às 07:44 por Redação Plox

O caminhoneiro Dener Laurito dos Santos, de 52 anos, admitiu à polícia nesta quarta-feira (19) que simulou toda a história de que teria sido amarrado a explosivos na cabine do caminhão enquanto trafegava pelo Rodoanel Mário Covas, na Grande São Paulo. Ele confessou ter arremessado a pedra que quebrou o para-brisa do veículo e revelou que a suposta bomba encontrada na cabine era falsa, montada com fio de fone de ouvido, fita crepe, papel-alumínio, água e um pequeno tubo de gás usado para cozinhar.

Dener Laurito do Santos, 52 anos, no Rodoanel Mário Covas na manhã desta quarta-feira (12)

Dener Laurito do Santos, 52 anos, no Rodoanel Mário Covas na manhã desta quarta-feira (12)

Foto: Reprodução/TV Globo


Caminhoneiro com possível artefato explosivo instalado no veículo bloqueia o Rodoanel Mario Covas nesta quarta (12), na altura de Itapecerica da Serra, na Grande SP

Caminhoneiro com possível artefato explosivo instalado no veículo bloqueia o Rodoanel Mario Covas nesta quarta (12), na altura de Itapecerica da Serra, na Grande SP

Foto: Reprodução/TV Globo


Caminhoneiro abandona carreta atravessada no Rodoanel em Itapecerica, na Grande SP

Caminhoneiro abandona carreta atravessada no Rodoanel em Itapecerica, na Grande SP

Foto: Reprodução/TV Globo


Dener foi indiciado por falsa comunicação de crime, conforme o artigo 340 do Código Penal, que prevê pena de detenção de 1 a 6 meses ou multa.

O Rodoanel Mário Covas é um dos principais anéis viários do país. Ele contorna a capital paulista, passa por cidades da Grande São Paulo e conecta rodovias estratégicas, como Imigrantes, Anchieta, Régis Bittencourt, Dutra, Bandeirantes, Anhanguera, Castelo Branco e Fernão Dias, que ligam a região metropolitana ao litoral, ao interior, a outros estados e ao porto de Santos.

Planejamento da farsa no caminhão

De acordo com depoimento prestado na Delegacia Seccional de Taboão da Serra, Dener contou que trabalha como motorista há mais de 20 anos. Ele relatou que, na noite anterior ao episódio, enquanto pernoitava em um posto na Rodovia dos Bandeirantes, montou o artefato falso usando materiais que já tinha na cabine.

Na manhã seguinte, seguiu viagem e, ao começar a passar mal, parou o caminhão no km 32 do Rodoanel. Em seguida, desceu da cabine, pegou uma pedra na pista — que ele reconheceu como sendo a mesma apreendida pela polícia — e a arremessou contra o para-brisa do veículo. Depois caminhou alguns metros, ligou para um conhecido e comunicou falsamente que havia sido roubado.

Com o caminhão parado e atravessado na via, Dener afirmou que deu continuidade ao plano, amarrando as próprias mãos para simular ter sido rendido por criminosos. Ele disse ainda que desmaiou em razão do estresse e só recobrou a consciência quando outros motoristas entraram na cabine para socorrê-lo.

Já dentro da ambulância, foi informado de que o caminhão havia sido rebocado. Segundo seu relato, entrou em estado de choque e só se recuperou no hospital, onde recebeu atendimento de equipes do Gate.

Em depoimento, o caminhoneiro declarou que não usa drogas nem medicamentos controlados e atribuiu o mal-estar a questões emocionais. Afirmou que agiu sozinho, que a escolha do local foi aleatória e que não avaliou as consequências da farsa. O episódio acabou mobilizando equipes especializadas e bloqueando um trecho estratégico do Rodoanel sem que houvesse crime real.

Imagens e contradições expõem a mentira

Segundo os investigadores, durante o interrogatório os policiais confrontaram Dener com contradições entre a versão inicial e as informações já levantadas na apuração. Diante dos questionamentos, o motorista acabou admitindo que havia forjado toda a situação e, de acordo com a polícia, não demonstrou emoção ao confessar.

Os agentes obtiveram uma imagem de câmera de segurança, à distância, que mostra o momento em que o caminhoneiro para o veículo, urina na pista e, em seguida, ele próprio atira a pedra contra o para-brisa. Essa ação teria dado início ao que ele posteriormente descreveu como um “ataque”.

Um motorista de carro que aparece nas imagens já havia relatado à polícia que a carreta passou a fechar seu veículo pouco antes do ponto em que ficou atravessada na pista. Ele contou que acelerou para escapar da manobra e afirmou não ter visto qualquer ação criminosa no local.

De acordo com o delegado da Dise de Taboão da Serra, Marcio Fruet, a investigação se apoiou na análise de provas técnicas, como imagens e localização do caminhão, além da checagem de outros veículos que passaram pelo trecho.

Conseguimos confirmar que esse crime não ocorreu e muito menos daquela forma que o autor nos declarou. Os policiais trabalharam de forma muito técnica, fazendo o confronto das imagens da localização do caminhão, verificação dos outros veículos e tudo confirmou que ele estava mentindo. Quando ele foi prestar declarações, ainda tentou prosseguir na mentira, mas tudo foi esclarecido.

Marcio Fruet, delegado da Dise de Taboão da Serra

Acompanhamento psicológico e sequência da apuração

Segundo o portal G1, Dener afirmou que está em acompanhamento psicológico. Os laudos toxicológicos do caminhoneiro ainda não foram concluídos.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que o homem foi indiciado por falsa comunicação de crime, nos termos do artigo 340 do Código Penal, após confessar em depoimento que ele próprio produziu o simulacro de bomba. A pasta afirmou que as investigações seguem sob responsabilidade da Dise de Taboão da Serra para o completo esclarecimento dos fatos e a responsabilização criminal do indiciado.

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