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Educação
Estudante que revelou questões do Enem 2025 pagava R$ 10 por cada pergunta de pré-teste repassada a ele
Esquema liderado por Edcley Teixeira usava participantes do Prêmio Capes de Talento Universitário para memorizar questões que funcionariam como pré-teste do Enem; Inep aciona PF, identifica similaridades e anula três itens da prova de 2025
20/11/2025 às 07:51por Redação Plox
20/11/2025 às 07:51
— por Redação Plox
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Um esquema de “compra” de questões do Prêmio Capes de Talento Universitário, voltado a estudantes do 1º ano do ensino superior, permitiu que o estudante de medicina Edcley Teixeira antecipasse itens semelhantes aos que caíram no Enem 2025. Mensagens, comprovantes de pagamento e relatos de alunos indicam que ele pagava R$ 10 por questão memorizada pelos participantes do concurso.
Edcley Teixeira, estudante universitário que previu questões do Enem
Foto: Instagram @edcleyteixeira/Reprodução
Edcley desembolsava R$ 10 por cada questão decorada
Foto: Arquivo pessoal
Mensagem de Edcley expõe esquema de compra de questões
Foto: Arquivo pessoal
Em mensagem enviada há um ano a jovens que participariam do prêmio, marcado para dezembro de 2024, Edcley escreveu que estava disposto a pagar pelas questões que conseguissem lembrar após a prova. O que ele não dizia era que tinha conhecimento de uma informação nunca divulgada oficialmente pelo Ministério da Educação (MEC): as perguntas do concurso funcionavam como pré-teste para o Enem e poderiam integrar edições futuras do exame.
Questões memorizadas e “previsões” para o Enem
Com base nesse material, Edcley realizou uma live em 11 de novembro, cinco dias antes do Enem 2025, na qual exibiu ao menos cinco questões de matemática e ciências da natureza muito parecidas com itens que efetivamente apareceram na prova.
Em um grupo de WhatsApp com alunos de sua mentoria, ele comemorou o acerto das “previsões” ao comentar a relevância do Prêmio Capes para quem busca desempenho no Enem.
Depois que o portal G1 revelou o esquema, o Inep anulou três dessas questões consideradas “antecipadas” e acionou a Polícia Federal para investigar o caso. O instituto apura uma possível quebra de sigilo ou ato de má-fé na divulgação dos itens.
Relatos de alunos e pagamentos por PIX
Um aluno que participou do prêmio, e que preferiu não se identificar, contou que era incentivado a viajar de Sobral (CE) para Fortaleza para fazer a prova. Segundo ele, Edcley se oferecia para custear a ida e reforçava o quanto considerava importante a participação no Talento Universitário.
O estudante relata que recebia a orientação de memorizar o máximo de detalhes das questões: imagens, contextos e conteúdos abordados. O combinado era repassar tudo por mensagens, sem que os alunos soubessem o real objetivo. Um deles afirmou que imaginava que as informações seriam usadas apenas para montar simulados.
Comprovantes de PIX, depoimentos e conversas obtidas pela reportagem mostram que Edcley pagava R$ 10 por questão memorizada. Em novembro do ano passado, ele detalhou o funcionamento da recompensa, prometendo pagamento imediato após o envio dos áudios com as descrições das perguntas e indicando a possibilidade de aumentar o valor caso as respostas fossem mais completas, com ênfase especial nas questões de matemática. Na mesma conversa, afirmou ainda que essa prática não seria errada nem comprometeria o propósito do prêmio.
Um ex-colega de trabalho e um ex-aluno também confirmaram a estratégia adotada pelo universitário, relatando que os participantes eram estimulados a fazer a prova da CAPES e, ao sair do laboratório, repassar tudo o que lembrassem, já que o exame era aplicado em computador e não havia caderno físico de questões.
Materiais pagos a partir das questões pré-testadas
A partir do banco de questões memorizadas e compradas, Edcley produziu apostilas, realizou transmissões ao vivo e passou a vender cursos por R$ 1.320. Nessas ofertas, ele destacava que se tratava de “novas questões pré-testadas que podem cair no Enem”, numa referência direta ao uso do Prêmio Capes como fonte de itens.
Em conversa com um jovem interessado na mentoria, Edcley mencionou ter, somando 2023 e 2024, dezenas de questões difíceis provenientes de pré-testes e argumentou que isso não configuraria crime, alegando que não seria possível censurar aquilo que ele guardava na memória.
Defesa nega ato ilícito
Em nota enviada à TV Verdes Mares, os advogados de Edcley afirmam que ele está à disposição das autoridades e reforçam seu compromisso com a verdade. De acordo com o texto, a defesa técnica confia nas instituições e na Justiça e sustenta que a apuração dos fatos confirmará a inexistência de qualquer ato ilícito por parte do universitário.
PF é acionada e três questões são anuladas
O Inep informou que acionou a Polícia Federal para investigar a conduta e a eventual autoria da divulgação das questões, apurando se houve quebra de sigilo ou outra irregularidade.
Segundo o instituto, foram identificadas “similaridades pontuais” entre itens divulgados nas redes sociais e questões da prova, embora nenhuma tenha sido apresentada exatamente com o mesmo enunciado da versão aplicada em 2025.
Três questões foram anuladas, uma de biologia e duas de matemática. Os itens apareciam com diferentes numerações a depender da cor do caderno:
Questão sobre parcelamento de R$ 60 mil: 172 (cinza), 178 (amarelo), 168 (verde), 174 (azul)
Itens semelhantes que foram mantidos
Embora parte dessas questões tenha sido considerada semelhante às que apareceram na prova, nem todas foram anuladas. Algumas, como as relacionadas a espécies, desvio padrão e tijolos, foram mantidas pelo Inep nos gabaritos oficiais.
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