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Filha de Lindomar Castilho escreve carta aberta e relembra feminicídio da mãe após morte do cantor

Liliane De Grammont reflete sobre a finitude da vida, o impacto do crime na família, a masculinidade tóxica do pai e o complexo caminho do perdão após o assassinato de Eliane De Grammont

20/12/2025 às 15:53 por Redação Plox

Liliane De Grammont, de 46 anos, filha de Lindomar Castilho, divulgou na manhã deste sábado (20) uma carta aberta após a morte do pai. No texto, a coreógrafa e psicóloga relembra o feminicídio da mãe, Eliane De Grammont, cometido pelo cantor, e reflete sobre a trajetória marcada pela violência e pela reconstrução de sua própria história.

Liliane De Grammont e Lindomar Castilho

Liliane De Grammont e Lindomar Castilho

Foto: Arquivo pessoal


Na carta, Liliane fala sobre a finitude da vida, o impacto do crime na família e o processo de lidar com a figura paterna após o assassinato. Ela descreve o pai como um homem que se deixou levar pela vaidade e pelo narcisismo e afirma que, ao matar a ex-mulher, ele também “morreu em vida” aos olhos da família.

Reflexão sobre finitude, culpa e evolução

Logo no início do texto, Liliane escreve sobre a sensação de encerramento de um ciclo e a busca de significado diante da morte do pai. Ela diz sentir uma “humanidade imensa” e ressalta que todos estão na terra para evoluir, valorizando “o poder das coisas que verdadeiramente importam”.

Ao se referir a Lindomar, ela afirma que ele é “só mais um ser humano” que se desviou pelo próprio ego. Na carta, a filha destaca que, quando o pai tirou a vida da mãe, também desestruturou toda a família e fez nascer a marca do assassino no lugar da figura paterna.

Para Liliane, o que permanece é a consciência de que as pessoas são finitas, não melhores ou piores que as outras, e que ninguém é dono de nada nem de ninguém. Ela defende a importância de olhar para dentro, aceitar a própria vulnerabilidade e conviver com pessoas que ajudem a trazer à tona o que cada um tem de melhor.

Entre o perdão e o desejo de cura

Em outro trecho, Liliane afirma que cumpriu sua parte “com dor, sim, mas com todo o amor” que aprendeu a sentir e a expressar. Ao abordar a questão do perdão, ela recusa respostas simples e diz que ele envolve todas as camadas de dor e de delícias de ser um ser humano complexo e em evolução.

Eliane De Grammont foi morta aos 25 anos pelo ex-marido

Eliane De Grammont foi morta aos 25 anos pelo ex-marido


Ela ainda expressa o desejo de que a alma do pai se cure e que a masculinidade tóxica dele tenha sido transformada. Em tom de despedida, reforça que tudo é passageiro e que o poder exige responsabilidade, convocando à escolha da “melhor parte” de cada um, entre luz e sombra.

Em um dos trechos mais fortes, Liliane escreve que a vida é uma passagem e que o tempo é curto para não buscar a verdadeira felicidade, associando esse caminho à aceitação da própria finitude e à decisão de transformar cada dia em “um pequeno milagre”. Ela encerra o texto pedindo que o pai descanse, que Deus o receba com amor e manifestando a esperança de uma segunda chance.

História de violência que marcou o país

Eliane De Grammont e Lindomar Castilho se conheceram em 1977, por causa da carreira artística: os dois eram cantores. Pouco tempo depois, iniciaram um relacionamento e, em cerca de dois anos, se casaram. Na época, ele era aproximadamente 15 anos mais velho que ela.

Após o casamento, o cantor passou a pressionar a esposa a abandonar a carreira, e a relação foi se tornando marcada por controle, violência e brigas constantes. Diante do cenário, Eliane decidiu encerrar o casamento cerca de um ano depois da união, decisão que não foi bem aceita por Lindomar.

Em 30 de março de 1981, o feminicídio chocou o país. Eliane se apresentava no Café Belle Époque, bar da zona sul de São Paulo, quando o ex-marido entrou no local, foi até o palco e disparou cinco vezes contra a cantora. O crime virou símbolo da luta contra a violência doméstica, e o lema “Quem ama não mata” ganhou força. Lindomar foi condenado a 12 anos de prisão.

Anos mais tarde, em 2020, Liliane contou que ficou muito tempo afastada do pai depois de compreender as circunstâncias da morte da mãe. Com o passar do tempo, porém, decidiu se reaproximar dele e resgatar parte do vínculo após o cumprimento da pena.

Morte de Lindomar Castilho

Lindomar Castilho morreu na manhã deste sábado (20), aos 85 anos. Conhecido como “Rei do Bolero” e figura influente na música brega, o cantor emplacou sucessos como “Você é Doida Demais” e “Eu Vou Rifar Meu Coração”. A causa da morte não foi divulgada, mas ele enfrentava um quadro de saúde delicado havia quase uma década.

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