CSN tenta barrar apoio à Usiminas e Ternium em meio à mobilização no Vale do Aço
Entidades empresariais e organizações sociais alertaram para os possíveis danos à economia da região e do estado de Minas gerais
Por Plox
21/01/2025 21h24 - Atualizado há 23 dias
A disputa judicial entre a Ternium e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) ganhou um capítulo tenso, com a CSN buscando restringir manifestações de apoio às siderúrgicas no Vale do Aço. A tentativa de censura se deu por meio de uma interpelação extrajudicial contra o representante de uma entidade que se posicionou publicamente em favor da Ternium, ampliando a polêmica em torno do caso.
Conflito jurídico e impactos regionais
A controvérsia gira em torno de uma multa bilionária imposta à Ternium, referente a uma suposta alienação de controle da Usiminas em 2011. Na ocasião, Votorantim e Camargo Corrêa venderam sua participação para a Ternium, mas pareceres técnicos da CVM e do Cade confirmaram que não houve mudança no bloco de controle. A Nippon Steel, maior acionista à época, continuou dividindo o poder com a Ternium e a Previdência Usiminas. A CSN, que questiona a operação judicialmente desde então, já foi derrotada em diversas instâncias, incluindo a Justiça e a CVM.
Além disso, a Justiça determinou que a CSN reduza sua participação na Usiminas para menos de 5% do capital social, acatando decisão do Cade de 2014. A argumentação é que, sendo concorrente direta da Usiminas, a CSN jamais deveria ter adquirido essas ações.

Mobilização regional contra a multa
A indignação na região é evidente. Uma multa de R$ 5 bilhões, recentemente aprovada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em favor da CSN, tem sido amplamente criticada por lideranças locais e estaduais, apontada como “descabida e absurda”. Gustavo Nunes (PL), prefeito de Ipatinga, chamou atenção para o impacto desproporcional da decisão. “A multa se aproxima do valor de mercado da própria Usiminas. Fica aqui nossos votos para que o STJ tenha o discernimento para tomar uma decisão mais assertiva, em defesa da Usiminas, de Ipatinga, do Vale do Aço, de Minas Gerais e do Brasil”, declarou Nunes.
Outras lideranças se somaram ao coro. Edílio Velloso, conselheiro dos trabalhadores na Usiminas, também classificou a multa como absurda e ressaltou o risco à estabilidade econômica e social. Já o prefeito de Santana do Paraíso, Bruno Morato (Avante), reforçou a relevância da Usiminas e da Ternium para a região e prometeu engajamento total na defesa das empresas.
Apoio empresarial e político
Entidades empresariais e organizações sociais também alertaram para os possíveis danos da decisão judicial. Representantes do Grupo Raízes, da Associação de Aposentados e Pensionistas de Ipatinga (AAPI), da Aciapi e da CDL de Ipatinga expressaram apoio à Ternium e preocupação com os efeitos sobre o Vale do Aço. Joaquim Cândido, presidente da AAPI, enfatizou o papel crucial da Usiminas para o desenvolvimento regional.
No cenário político, deputados como Celinho do Sinttrocel (PCdoB), Domingos Sávio (PL-MG) e Rosângela Reis (PL-MG) defenderam uma revisão do caso, alertando para os prejuízos econômicos e sociais que a decisão pode causar. Outros nomes, como a ex-vereadora Cecília Ferramenta (PT) e o deputado estadual Ricardo Campos (PT), também destacaram o impacto negativo sobre milhares de famílias da região.
A conclusão dessas liderança e que se alastrou na população da região é que o futuro do Vale do Aço depende de uma resolução que preserve empregos, renda e o desenvolvimento da área, que tem na Usiminas e na Ternium dois de seus maiores pilares econômicos.