Cirurgias ilegais em trans e travestis: suspeita é presa por mortes de clientes
Travesti de 56 anos foi detida em São Paulo após ser identificada como autora de procedimentos clandestinos que causaram duas mortes, incluindo a de uma cabeleireira no Paraná
Por Plox
21/03/2025 13h13 - Atualizado há cerca de 2 meses
Uma travesti de 56 anos, conhecida como Skalet, foi presa nesta quinta-feira (20) em São Paulo, sob a acusação de realizar cirurgias plásticas clandestinas que causaram a morte de ao menos duas pessoas, segundo informou a Polícia Civil do Paraná (PC-PR).

A investigação, que teve início após a morte da cabeleireira Cristiane Andrea da Silva, de 39 anos, ocorrida em 24 de outubro de 2024, em Ponta Grossa, apontou que Skalet aplicava silicone industrial em mulheres trans e travestis. A substância é proibida pela Anvisa e destinada a usos industriais, como limpeza de automóveis e peças de avião.
Conforme detalhou o delegado Luis Gustavo Timossi, Skalet foi indiciada por homicídio e exercício ilegal da medicina. Juntas, as acusações podem render até 22 anos de prisão, além de multa por atuar com fins lucrativos sem qualificação médica.

A aplicação que levou à morte de Cristiane teria custado R$ 1,5 mil. O procedimento foi realizado em um local insalubre, inadequado para qualquer tipo de intervenção médica, segundo os peritos. Após a aplicação, a suspeita fugiu, e a vítima foi socorrida pelo próprio marido, vindo a morrer durante o atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
De acordo com a polícia, a atuação de Skalet não se limitava ao Paraná. Em 2019, outro caso de morte atribuído à suspeita foi registrado em Marília, interior de São Paulo. A prática é conhecida como “bombadeira”, termo utilizado para definir pessoas que, sem formação médica, aplicam substâncias como o silicone industrial com a intenção de modificar corpos, especialmente entre a população trans e travesti.
A investigação também revelou que a suspeita se aproveitava da vulnerabilidade social de suas clientes, que frequentemente não têm acesso a procedimentos estéticos regulares. A prática representa riscos elevados à saúde e pode causar deformações, dificuldades motoras, infecções generalizadas e até a morte.
Após a morte de Cristiane, a equipe médica acionou a polícia, que conseguiu identificar a responsável e cumprir o mandado de prisão. A defesa da suspeita ainda não foi constituída até o momento.
Cristiane Andrea da Silva era natural de São Jorge do Ivaí e trabalhava como cabeleireira em Ponta Grossa. Após sua morte, ela foi sepultada em Nova Esperança, cidade vizinha.
As imagens divulgadas pela polícia mostram o ambiente onde foi realizado o procedimento que levou à morte da cabeleireira, reforçando o estado precário e a total ausência de condições mínimas de higiene.