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    Idosa aprende a ler pegando carona nas aulas virtuais do neto

    Marlene Hinckel conta como iniciou essa história de superação

    Por Plox

    21/04/2021 09h29 - Atualizado há quase 3 anos

    Marlene Hinckel, moradora de Florianópolis, durante a crise da covid-19, não aprendeu somente a lição de ter mais resiliência, já que a pandemia exigiu isso de todos. Ela não parou sua vida para reclamar e se lançou a outro aprendizado: Marlene aprendeu a ler aos 63 anos de idade.

    Se temos a opinião de que a pandemia está demorando muito tempo para passar - e olha que ela tem mais do que um ano - a catarinense precisou chegar à velhice para iniciar a leitura das primeiras palavras. Sem querer perder tempo, já que já havia esperado demais, Marlene aproveitava as idas que todo dia sua filha e seu neto de sete anos faziam à sua casa em 2020 e se aventurava, aos 63 anos de idade, a assistir às aulas virtuais da criança, que estava se alfabetizando.

    Idosa aprende a ler pegando carona nas aulas virtuais do neto
    Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação

    Estimulada com a possibilidade de iniciar uma história de superação, a idosa resolveu pegar carona com as aulas do neto.

    "Imagina que me empolguei com a ideia de aprender também, e passei a assistir às aulas e usar os livros da escola dele para tentar ler.[...] Hoje já consigo ler as músicas e versos bíblicos utilizados no culto diário da família. Para mim, isso já é um grande passo”, contou a um portal de Santa Catarina.

    Filha de pais que faziam questão de que que o trabalho na roça - onde vivia - viesse em primeiro lugar, Marlene nasceu em Bom Retiro, município da Grande Florianópolis e trabalhou com seus progenitores até fazer 25 anos.

    Mais velha, ele relembra das exigências da lida no campo e da impossibilidade dela se alfabetizar.

    "Não tinha escola próxima a nossa casa, tínhamos que caminhar por horas até chegar na única escola, mas meus pais não achavam importante estudar e preferiam manter os filhos trabalhando na roça", declarou.

    Depois da roça, ela se casou e teve filhos, o que impossibilitou de iniciar sua educação nas letras.  

    "Casei cedo e engravidei em seguida. Por falta de orientação, tive três filhos em seguida, o que me impediu na época de estudar. Mas foi na fase em que meus filhos começaram a frequentar a escola que senti ainda mais a falta dos estudos, pois eu sequer podia ajudá-los", lembra.

    A incapacidade de ler, segundo Marlene, dificultava até mesmo as compras no supermercado. Ela lembra que antes de se alfabetizar, não era capaz de diferenciar a embalagem do shampoo e do condicionador. Agora, ela não tem mais esse problema. Além de conseguir ler shampoo e condicionador, ela já lê as palavras dedo, dia, lua e casa.  

    Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação

    Ela conta que no processo de aprendizado acompanhada de seu neto ela ia se superando. O menino já se alfabetizou e ela já ensaia escrever as primeiras palavras.

    "Nas sextas-feiras havia um projeto da escola onde as crianças liam textos que a professora escolhia e assim, fui lendo os textos e lendo cada dia melhor. Ele logo aprendeu a ler e escrever; já eu, estou tentando [escrever]", conta Marlene.

    Seu neto se encontra em aulas presenciais agora. Essa situação tirou da idosa as aulas remotas que acompanhava  do menino. Mas, isso não a desanima. Ela tem motivação para estudar e segue no aprendizado das letras com o auxílio da filha até ser vacinada contra covid-19. Quando isso acontecer, suas aulas terão retorno presencial e ela poderá dar prosseguimento aos estudos.

     

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