Mesmo com tarifa de Trump, café e sêmen bovino seguem fortes nas exportações mineiras
Minas Gerais mantém protagonismo nas vendas ao exterior; café lidera envios para os EUA e outros itens ganham espaço mesmo com taxações
Por Plox
21/04/2025 06h27 - Atualizado há 4 dias
As exportações de Minas Gerais continuam firmes mesmo com o novo pacote tarifário anunciado pelo governo de Donald Trump. Em 2024, o estado consolidou-se como o terceiro maior exportador do Brasil, movimentando impressionantes US$ 41,9 bilhões — cerca de R$ 247 bilhões — e registrando um crescimento de 4,1% em comparação ao ano anterior.

Os Estados Unidos ocuparam o segundo lugar entre os principais destinos das mercadorias mineiras, perdendo apenas para a China. Ao todo, os norte-americanos importaram aproximadamente 3,5 milhões de toneladas de produtos do estado, resultando em um faturamento de US$ 4,6 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões). Mesmo diante da taxação mínima de 10% imposta por Trump, especialistas afirmam que os impactos nas vendas mineiras podem ser limitados.
O café lidera esse cenário. Com baixa produção local — restrita a regiões como a Califórnia e o Havaí —, os EUA dependem fortemente da bebida brasileira. O Brasil é responsável por 32% do café consumido pelos norte-americanos. Em 2024, o grão respondeu por 33,1% de todas as exportações de Minas para os EUA, somando US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 5,9 bilhões), de acordo com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede-MG).
O diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, destacou que mesmo com as tarifas, o Brasil se mantém competitivo frente a outros produtores como Vietnã e Indonésia, que enfrentam taxações maiores.
\"O café brasileiro continua sendo a melhor opção, e sua importância para a economia norte-americana é gigantesca\", disse Matos.
Os números do setor cafeeiro nos EUA impressionam. Segundo estudo da Technomic, encomendado pela National Coffee Association, a cadeia do café movimenta anualmente cerca de US$ 110 bilhões (R$ 649 bilhões) e sustenta mais de 2,2 milhões de empregos. A cada dólar gasto com a bebida, são gerados 43 dólares para a economia local.
Antônio de Salvo, presidente da Faemg, reforça a resiliência do agro mineiro:
\"Se os americanos não comprarem nosso café, dificilmente comprarão de outro país. O agro mineiro é forte\"
. Ainda assim, o Cecafé alerta que, a longo prazo, os impactos da inflação e o aumento dos custos podem afetar o consumo.
Outros produtos também garantem o protagonismo mineiro no comércio exterior. Itens do agronegócio como soja, suco de laranja e açúcar continuam com forte demanda. Além disso, produtos menos visíveis nas prateleiras, como ovos usados pela indústria alimentícia, têm ganhado espaço. O professor Alisson Batista, da Estácio, menciona que esses itens são essenciais para o setor industrial americano.
A venda de aeronaves também se destaca. Em 2024, as exportações de veículos aéreos representaram 3,1% das remessas para os EUA, somando US$ 114,3 milhões (cerca de R$ 675 milhões). A tradição da Embraer nas relações comerciais com os americanos reforça a continuidade dessas negociações, mesmo em tempos de instabilidade.
Além dos produtos já consolidados, Minas Gerais começa a se destacar em novas frentes, como a exportação de sêmen bovino. Embora ainda tímido, esse mercado já registrou vendas importantes em anos anteriores, como em 2016 e 2022. Para o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico, Frederico Amaral e Silva, isso mostra o potencial da pecuária mineira e o avanço em genética animal.
\"Mesmo com os preços mais altos causados pelas tarifas, o mundo todo será afetado. Por isso, continuamos a investir em diversificação e buscamos novos mercados para reduzir riscos\", explica Silva.
A China, União Europeia, Japão e Argentina aparecem entre os parceiros estratégicos na diversificação da pauta exportadora.
Ranking dos produtos mais exportados de MG para os EUA em 2024 revela a força do estado: além do café, estão o ferro fundido bruto, ferro-ligas, tubos de revestimento de aço, transformadores elétricos, veículos aéreos, outros silícios, celulose, carne bovina e berílio com suas ligas.
Enquanto isso, a lista dos principais compradores de produtos mineiros em 2024 confirma o papel central da China, seguida pelos EUA, Alemanha, Argentina e Países Baixos. Minas segue vendendo para mais de 190 países, consolidando-se como um dos pilares do comércio exterior brasileiro.