Conquista Histórica: Brasil recebe pela primeira vez o Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza

O projeto brasileiro, intitulado "Terra", cativou o júri da Bienal pela sua pesquisa e intervenção arquitetônica

Por Plox

21/05/2023 18h26 - Atualizado há mais de 1 ano

A 18ª Bienal de Arquitetura de Veneza se destacou este sábado (20/5) por um acontecimento inédito: a conquista do Leão de Ouro, prêmio principal do evento, pelo Brasil. Pela primeira vez na história da Bienal, o país sul-americano foi laureado na categoria de Melhor Participação Nacional. O troféu foi concedido ao projeto "Terra", idealizado pelos curadores Gabriela de Matos e Paulo Tavares. A entrega do prêmio foi realizada pelo ministro da Cultura da Itália, Gennaro Sangiuliano, e pelo presidente da Bienal, Roberto Cicutto, no palácio Ca' Giustinian.

Foto: Reprodução

"Terra": um projeto de reconhecimento e reparação

O projeto brasileiro, intitulado "Terra", cativou o júri da Bienal pela sua pesquisa e intervenção arquitetônica. A proposta centralizou os imaginários e filosofias da população indígena e negra, buscando, segundo o júri, "modos de reparação". Em um cenário global marcado por intensas discussões sobre inclusão e respeito à diversidade, a iniciativa brasileira parece ter encontrado eco na comunidade internacional de arquitetura.

Palavras dos vencedores

Quando subiu ao palco para receber o prêmio, Gabriela de Matos, originária de Belo Horizonte e formada na PUC Minas, fez questão de agradecer aos povos indígenas em sua língua materna, o português: "Muito obrigada, povos indígenas", declarou.

Por sua vez, Paulo Tavares expressou surpresa pela conquista. De acordo com o curador, o projeto "Terra" é um reflexo da realidade brasileira, especialmente no que se refere aos povos indígenas. Para ele, a proposta representa um "momento de reconstrução", uma vez que "são eles [os povos indígenas] que mantêm a terra unida".

Um olhar para o futuro

Em seu discurso, Tavares também abordou a relevância do projeto em relação ao contexto global atual. "Trata-se de reparação, restituição, reconstrução. Trata-se de reconhecer outras formas de conhecimento, outras formas de arquitetura que, como dizemos no pavilhão, se tornaram centrais para enfrentar a crise climática global e podem nos ensinar outra forma de relação com a terra", pontuou.

A 18ª Bienal de Arquitetura de Veneza

O prêmio marca o início da 18ª edição da Bienal de Arquitetura de Veneza, que acontecerá até o dia 26 de novembro. O evento reúne pavilhões de 64 países, com 89 arquitetos e escritórios de arquitetura apresentando suas ideias e projetos. Notavelmente, a maioria dos participantes é da África e da diáspora africana. Sob a curadoria de Lesley Lokko, a Bienal deste ano tem como tema "O Laboratório do Futuro".

Destaques