Ex-comandante da FAB relata ameaça de prisão a Bolsonaro por colega do Exército

Carlos Baptista Junior revelou ao STF que Freire Gomes teria alertado Bolsonaro sobre possível prisão caso tentasse impedir posse de Lula

Por Plox

21/05/2025 22h14 - Atualizado há 2 dias

Durante depoimento prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (21), o ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, afirmou que o general Marco Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército, teria ameaçado prender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) caso fosse decretada uma GLO — Garantia da Lei e da Ordem — com o objetivo de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.


Imagem Foto: Agência Brasil


A suposta advertência teria sido feita em uma reunião no Palácio da Alvorada, em novembro daquele ano. Baptista Junior descreveu a conduta de Freire Gomes como respeitosa, mas firme. Segundo o brigadeiro, o general teria dito:
“Se o senhor fizer isso, vou ter que te prender”

, embora sem demonstrar agressividade.

Na segunda-feira (19), o próprio Freire Gomes havia prestado depoimento ao STF. Na ocasião, ele negou ter dado voz de prisão a Bolsonaro. No entanto, ao ser confrontado sobre a possível contradição entre os relatos, Baptista Junior esclareceu que o colega não chegou a realizar a prisão, mas expressou a possibilidade de fazê-lo, caso houvesse a tentativa de subverter o processo de transição de governo.



Ainda segundo Baptista Junior, a postura de Freire Gomes e dele próprio contrastava com a do então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier. De acordo com o ex-comandante da FAB, Garnier teria colocado as tropas navais à disposição de Bolsonaro naquele mesmo período de tensão pré-posse presidencial.



O relato de Baptista Junior reforça a imagem de divisão entre os comandos das Forças Armadas diante da crise institucional vivida no final de 2022. Enquanto alguns setores buscavam conter qualquer tentativa de ruptura democrática, outros demonstravam apoio ao então presidente.



As revelações surgem no mesmo momento em que o STF aprofunda as investigações sobre os bastidores do período entre a eleição e a posse do novo governo. Além disso, a declaração de Baptista Junior ocorre em meio a outros depoimentos e ações que envolvem militares supostamente ligados a articulações antidemocráticas.


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