Crescimento de trabalhadores com ensino superior no Brasil atinge recorde

Participação de trabalhadores com ensino superior completo chega a 23,1% em 2023, enquanto grupos com menos educação perdem espaço no mercado

Por Plox

21/06/2024 14h01 - Atualizado há 3 meses

A proporção de trabalhadores com ensino superior completo continua a aumentar no Brasil, enquanto aqueles com menos educação perdem participação no mercado de trabalho. Em 2023, 23,1% dos trabalhadores ocupados possuíam ensino superior completo, um total de 23,2 milhões de pessoas, marcando o maior percentual desde o início da série histórica em 2012.

 

Foto: EBC

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, divulgada nesta sexta-feira (21), destaca que, em 2012, apenas 14,1% dos trabalhadores tinham ensino superior completo. Esse número cresceu de 12,6 milhões em 2012 para 23,2 milhões em 2023, um aumento de 10,6 milhões.

Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, comentou sobre a crescente escolarização da população ocupada: "Vem crescendo ano após ano a proporção de pessoas que têm pelo menos o ensino básico, que é ter pelo menos o nível médio. Para além do básico, a gente também vem observando aumento da proporção de pessoas com ensino superior".

Além disso, os trabalhadores com ensino médio completo e superior incompleto também aumentaram sua participação. Em 2023, representavam 42,8% da população ocupada, ou 43,1 milhões de pessoas. Esse percentual era de 41,9% em 2022 e 35,7% em 2012.

Por outro lado, a participação de trabalhadores com pouca ou nenhuma escolaridade tem diminuído. Em 2023, o grupo sem instrução e fundamental incompleto representava 20,1% dos ocupados, a menor proporção da série. Em 2022, essa proporção era de 21,3%, e em 2012, 32,6%.

A redução também foi observada entre aqueles com fundamental completo e médio incompleto, que em 2023 constituíam 14% dos ocupados, comparado a 14,4% em 2022 e 17,5% em 2012. William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE, afirmou: "O nível de qualificação da população ocupada vem aumentando ao longo dos anos".

A pesquisa do IBGE também abordou a sindicalização dos trabalhadores. Em 2023, apenas 8,4% dos trabalhadores estavam associados a sindicatos, o menor nível desde 2012. Entre os trabalhadores com ensino superior completo, a taxa de sindicalização foi de 13,5% em 2023, comparado a 28,3% em 2012. Apesar da queda, este grupo ainda apresenta a maior taxa de sindicalização em comparação com outros níveis de escolaridade.

A taxa de sindicalização para aqueles com ensino médio completo e superior incompleto foi de 7,1%, enquanto os trabalhadores com fundamental completo e médio incompleto apresentaram uma taxa de 5,4%. Para o grupo sem instrução e fundamental incompleto, a taxa foi de 7,3%.

Beringuy observou que a queda na sindicalização entre trabalhadores com ensino superior reflete um descompasso: "Essa queda significativa de pessoas sindicalizadas com nível superior mostra um descompasso com o avanço significativo do nível de instrução dos trabalhadores, que não é acompanhado pela expansão da associação a sindicato".

Os dados são parte de um módulo da Pnad Contínua que aborda características adicionais do mercado de trabalho, oferecendo uma visão abrangente sobre a qualificação e a sindicalização da força de trabalho brasileira.

 

 

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