Gastos de brasileiros com compras internacionais batem recorde em 2024
Volume financeiro mais que dobrou em relação a 2023, mesmo com redução na quantidade de encomendas
Por Plox
21/06/2025 10h20 - Atualizado há 1 dia
Em 2024, os consumidores brasileiros elevaram expressivamente os gastos com compras realizadas em sites internacionais, atingindo um recorde financeiro no país. Mesmo com uma leve queda no número total de encomendas em comparação com o ano anterior, o valor desembolsado saltou de R$ 6,42 bilhões em 2023 para R$ 14,83 bilhões no ano seguinte.

Sites populares como Shein, Shopee e Temu foram os principais destinos das aquisições. De acordo com dados divulgados pela Receita Federal nesta sexta-feira (20), o número de encomendas passou de 210 milhões em 2023 para 190 milhões em 2024. Essa redução no volume não impediu que o valor total gasto crescesse mais de 130%, indicando um aumento no valor médio das compras.
Duas razões ajudam a explicar essa disparidade entre volume e valor: a variação cambial e a nova tarifa sobre importações. O dólar, que em 2023 teve uma cotação média de R$ 4,99, subiu para R$ 5,39 em 2024, representando uma valorização de cerca de 8%. Essa alta impactou diretamente o preço dos produtos comprados em moedas estrangeiras.
Além disso, uma mudança importante na legislação tributária contribuiu para o salto nos valores registrados. Desde agosto de 2024, todas as remessas internacionais com valor inferior a US$ 50 passaram a ser taxadas com uma alíquota de 20% do Imposto de Importação. Antes, essas compras eram isentas. A medida ficou conhecida popularmente como 'taxa das blusinhas'.
“O aumento da arrecadação vai ao encontro da criação do Programa Remessa Conforme e o estabelecimento, pelo Congresso Nacional, da tributação sobre todas as remessas, independentemente do valor da importação”, destacou a Receita Federal
.
Como resultado, o governo arrecadou R$ 2,88 bilhões com a nova taxação ao longo dos 12 meses do ano passado — uma elevação de 45% em relação ao que foi obtido em 2023. Esse aumento na receita federal coincide com os esforços para tornar mais rígida a fiscalização sobre o comércio eletrônico internacional.
A combinação de alta no câmbio, novos tributos e maior consumo em plataformas estrangeiras marca uma mudança no perfil do consumidor brasileiro, que mesmo diante de preços mais altos e encargos adicionais, manteve sua preferência pelas compras internacionais, especialmente em sites com preços competitivos e ampla variedade de produtos.