Homem esfaqueou cachorro após discussão com família de imigrantes em situação de rua
Cachorra morre ao proteger criança em ataque; comunidade se mobilizou para ajudar a família
Por Plox
21/06/2025 15h06 - Atualizado há 1 dia
Na Praça Alexandre de Gusmão, situada nos Jardins, região central e nobre de São Paulo, uma cena de violência marcou a rotina de uma família de imigrantes em situação de rua. Pandora, a cachorra que acompanhava o grupo, foi esfaqueada enquanto tentava proteger uma das crianças de um agressor.

O caso, que está sendo investigado pela Polícia Civil, envolve o jovem Enzo Gianetti, de 23 anos, acusado de xenofobia e de praticar ato de abuso contra animais. De acordo com testemunhas e registro no 78º DP Jardins, o suspeito, que circulava de patinete, dirigiu ofensas xenofóbicas às duas crianças da família, formada por pessoas da Argentina, Equador e Colômbia, antes de sacar uma faca e esfaquear a cadela.
Durante a discussão, Gianetti teria dito à família que eles não pertenciam ao Brasil e deveriam retornar aos seus países de origem. Ainda conforme o boletim de ocorrência, ele chegou a fazer ameaças de morte aos menores. A polícia militar foi acionada, revistou o suspeito e encontrou a faca, mas acabou devolvendo o objeto e liberando o rapaz.
Pouco tempo depois, Gianetti retornou ao local, novamente armado. Ele teria tentado atingir o filho do casal, momento em que Pandora reagiu para protegê-lo e acabou gravemente ferida. Apesar de socorrida por moradores e levada à Faculdade Veterinária Anhembi Morumbi, a cachorra não resistiu.
A identificação do agressor foi possível graças à empresa responsável pelo patinete usado por ele. O boletim foi registrado pela mãe das crianças, Daniela Ayelen Vera, e o suspeito deverá responder por crime ambiental, com pena que pode chegar a cinco anos de reclusão, multa e proibição de posse de animais.
O episódio provocou uma onda de solidariedade entre os moradores da região. Preocupados com a segurança das crianças e comovidos com a situação da família, vizinhos organizaram uma arrecadação. O grupo conseguiu levantar cerca de R$ 1.500, além de colaborar com a regularização da documentação da família, permitindo que deixassem a rua e se mudassem para um pequeno apartamento na Bela Vista.
A mãe, de origem argentina, vive com os filhos equatoriano e colombiano, e o pai colombiano. Segundo a professora Daniela Campos, que liderou o movimento de ajuda, eles moravam na rua desde abril, após retornarem de uma tentativa frustrada de vida no litoral.
Moradores relatam que, apesar da condição de rua, a família sempre demonstrou educação e respeito. A aposentada Claudete destacou o comportamento exemplar das crianças e a tristeza pela perda do animal. \"Elas são de ouro. Nunca pediram nada. Estavam sempre sorrindo.\"
Segundo Daniela Campos, os imigrantes chegaram a buscar abrigo em um albergue, mas retornaram à praça devido às condições precárias do local. O episódio, segundo ela, evidenciou a ausência de suporte efetivo do Poder Público frente à vulnerabilidade dessa família.
A história de Pandora e da família estrangeira ganhou repercussão e gerou comoção, revelando tanto a violência enfrentada por imigrantes quanto a força da solidariedade diante da injustiça.