Maioria dos brasileiros prefere trabalho autônomo à CLT, aponta Datafolha
Pesquisa revela que 59% dos entrevistados optam por trabalhar por conta própria, enquanto 39% preferem emprego com carteira assinada
Por Plox
21/06/2025 10h13 - Atualizado há 3 dias
Uma recente pesquisa do Datafolha revelou que a maioria dos brasileiros está optando por trabalhar por conta própria em vez de buscar empregos formais com carteira assinada.

A preferência pelo trabalho autônomo é mais acentuada entre os jovens de 16 a 24 anos, com 68% deles escolhendo essa modalidade. Já entre os maiores de 60 anos, 50% preferem ser autônomos, enquanto 45% optam por empregos formais.
A pesquisa também destacou diferenças nas preferências conforme a filiação partidária. Entre os simpatizantes do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, 66% preferem ser autônomos. Já entre os apoiadores do PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 55% optam pelo trabalho por conta própria.
Outro dado relevante é que 31% dos entrevistados consideram mais importante ganhar mais, mesmo sem registro formal, enquanto 67% valorizam a carteira assinada, mesmo com salário menor. Em 2022, esses números eram de 21% e 77%, respectivamente.
A pesquisa também mostrou que a valorização do trabalho formal é maior nas regiões Nordeste (69%), Sudeste (67%) e Sul (66%). No Centro-Oeste e Norte, esse índice cai para 62%.
Daniel Duque, economista e pesquisador do FGV/Ibre, comentou que essa mudança de preferência pode estar relacionada à popularização do trabalho remoto após a pandemia e à taxa de desemprego em níveis historicamente baixos. Ele afirmou:
\"Com o mercado de trabalho aquecido, os trabalhadores percebem que teriam espaço para ganhar mais, mas isso não é possível pelos encargos trabalhistas elevados, que acabam sendo um entrave a aumentos mais expressivos nos salários\"
.
A pesquisa também apontou que mulheres valorizam mais o trabalho formal (71%) do que homens (62%). Além disso, quanto menor a renda, maior a importância dada à carteira de trabalho assinada. Entre aqueles que recebem até dois salários mínimos, 72% consideram o registro essencial, contra apenas 56% daqueles que ganham mais de 10 salários mínimos.
Esses dados refletem uma mudança significativa no perfil do trabalhador brasileiro, indicando uma tendência crescente de valorização da autonomia e flexibilidade proporcionadas pelo trabalho por conta própria.