Risco de infarto e AVC aumenta com uso de maconha, revela estudo com 200 milhões de pessoas
Pesquisa internacional revela que consumidores de cannabis têm até 29% mais chances de sofrer infarto e 20% mais risco de AVC, mesmo entre jovens sem histórico de problemas cardiovasculares
Por Plox
21/06/2025 12h32 - Atualizado há 3 dias
Uma análise abrangente publicada na revista científica Heart revelou uma associação significativa entre o consumo de maconha e o aumento do risco de eventos cardiovasculares graves. O estudo revisou dados de aproximadamente 200 milhões de pessoas, com idades entre 19 e 59 anos, provenientes de países como Austrália, Egito, Canadá, França, Suécia e Estados Unidos, abrangendo pesquisas realizadas entre 2016 e 2023.

Os resultados indicam que usuários de cannabis apresentam um risco 29% maior de sofrer infarto e 20% mais chances de ter um acidente vascular cerebral (AVC) em comparação com não usuários. Notavelmente, muitos dos pacientes hospitalizados por essas condições eram jovens e não possuíam histórico prévio de doenças cardiovasculares ou fatores de risco conhecidos, como o tabagismo.
A pesquisadora Émilie Jouanjus, professora associada de farmacologia da Universidade de Toulouse, na França, destacou que os achados desafiam a percepção comum de que a cannabis possui baixo risco cardiovascular. Ela enfatizou a necessidade de reavaliar essa suposição, especialmente diante do aumento da potência e variedade dos produtos de cannabis disponíveis atualmente.
Embora o estudo não tenha especificado as formas de consumo da cannabis, especialistas sugerem que a maioria dos casos provavelmente envolvia o fumo. Lynn Silver, professora da Universidade da Califórnia em San Francisco, observou que, assim como o tabaco, a fumaça da maconha contém substâncias tóxicas que podem danificar os vasos sanguíneos e favorecer a coagulação. Além disso, a exposição passiva à fumaça de cannabis também representa riscos semelhantes aos do tabaco.
Outro ponto de preocupação é que os riscos não se limitam à forma fumada da cannabis. Estudos anteriores identificaram sinais de doenças cardíacas precoces mesmo entre pessoas que consumiram comestíveis contendo tetrahidrocanabinol (THC), o principal composto psicoativo da maconha.
Diante dessas evidências, especialistas defendem uma maior conscientização entre profissionais de saúde e pacientes. Lynn Silver ressalta a importância de os clínicos avaliarem o consumo de cannabis e educarem os pacientes sobre seus efeitos nocivos, de maneira semelhante ao que é feito com o tabaco, especialmente considerando que, em alguns grupos populacionais, a cannabis é consumida mais frequentemente do que o cigarro.