Sindicato ligado a irmão de Lula tentou estender descontos a beneficiários do Bolsa Família
Sindnapi, com Frei Chico na vice-presidência, solicitou ao governo autorização para descontar mensalidades de programas sociais; pedido não foi atendido
Por Plox
21/06/2025 07h18 - Atualizado há 2 dias
No início de 2023, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), atualmente presidido por Milton Cavalo e com Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como vice-presidente desde 2024, encaminhou um ofício ao então ministro da Previdência, Carlos Lupi, solicitando autorização para descontar mensalidades diretamente dos benefícios de programas sociais como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

A proposta visava permitir que o sindicato realizasse descontos associativos na folha de pagamento desses beneficiários, algo que não é permitido por lei. Apesar da solicitação, o pedido não foi atendido pelo governo.
O Sindnapi está sob investigação da Polícia Federal por suspeita de envolvimento em um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS. A operação \"Sem Desconto\", deflagrada em abril de 2025, levou à demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro Carlos Lupi. A entidade, ligada à Força Sindical, viu seu número de filiados saltar de 170 mil para 420 mil entre 2021 e 2023, com um aumento de faturamento de R$ 41 milhões para R$ 149 milhões no mesmo período.
Em nota, o Sindnapi afirmou que as demandas apresentadas ao governo no início da gestão não têm relação com o aumento dos descontos de mensalidade associativa e que é natural que lideranças sindicais busquem dialogar com novos governos para apresentar suas pautas.
A Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU) também estão investigando o caso. Segundo auditoria do TCU, 76,9% dos beneficiários que tiveram descontos vinculados ao Sindnapi afirmaram nunca ter autorizado as cobranças. A entidade, no entanto, não foi incluída na investigação aberta pelo INSS, que mira associações com indícios de pagamento de propina ou consideradas fantasmas.
O caso segue em investigação, e o Sindnapi afirma apoiar apurações sérias e transparentes para identificar possíveis irregularidades e corrigir falhas no sistema.