Brasil mantém diálogo com EUA e prepara reação a tarifas
Haddad garante continuidade nas negociações, mas aciona estratégias para proteger setores afetados pelas sanções de Trump
Por Plox
21/07/2025 11h15 - Atualizado há 11 dias
Mesmo diante do anúncio de que os Estados Unidos aplicarão uma sobretaxa de 50% às exportações brasileiras a partir de agosto, o governo brasileiro não pretende romper o diálogo com a potência norte-americana. Foi o que assegurou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao comentar os desdobramentos das sanções comerciais determinadas pelo presidente Donald Trump.

Em entrevista à rádio CBN, Haddad descartou qualquer tipo de retaliação direta contra empresas ou cidadãos dos EUA. Ele explicou que o Brasil não pretende agir com o mesmo rigor da medida americana, mesmo considerando-a injusta. Em vez disso, o governo analisa a aplicação da recém-aprovada Lei da Reciprocidade como uma alternativa legal e equilibrada para responder à imposição das tarifas.
“Todo país do mundo vai se defender de alguma maneira do que está acontecendo”, afirmou o ministro.
\"Mas a orientação do presidente Lula é clara: não vamos sair da mesa de negociação. O Brasil é um país que cultiva boas relações com todas as nações.\"
Para conter os efeitos da medida norte-americana, Haddad revelou que sua equipe já estrutura um plano emergencial de resposta, com o objetivo de proteger os segmentos produtivos mais vulneráveis ao impacto do tarifaço. A proposta inclui alternativas como linhas de crédito específicas e realocação de produção, sem a necessidade de aumento nos gastos públicos.
Segundo o ministro, as medidas devem seguir uma lógica semelhante à adotada no apoio ao estado do Rio Grande do Sul, com foco em responsabilidade fiscal e ações pontuais. Haddad afirmou que o detalhamento será apresentado ao presidente Lula nos próximos dias.
“Vamos continuar lutando por uma relação positiva com o maior mercado consumidor do mundo, mas também não vamos deixar os trabalhadores brasileiros ao abandono. Estamos mapeando empresa por empresa, setor por setor”, declarou.
Apesar da possibilidade de redirecionamento de exportações para outros mercados, Haddad reconheceu que essa realocação exigirá tempo, ajustes e até mudanças contratuais. Ele ressaltou que alguns produtos brasileiros têm como destino exclusivo os EUA, o que torna a adaptação ainda mais delicada.
O impacto das novas tarifas, no entanto, não será sentido apenas pelo Brasil. Haddad apontou que o tarifaço também deverá atingir cadeias produtivas norte-americanas. Como exemplo, citou a Embraer, que depende de fornecedores americanos para 45% de seus componentes. A indústria aeronáutica dos EUA, portanto, também pode sofrer prejuízos.
Além disso, produtos como carne, suco de laranja e café, diretamente afetados pela medida, poderão gerar aumento de preços no mercado interno dos Estados Unidos. “Essas tarifas afetam a cadeia de suprimentos dos dois lados. Estamos diante de uma medida hostil com efeitos internos para os EUA também”, afirmou Haddad.
Com esse panorama, o Brasil segue buscando saídas que protejam sua economia, evitando uma escalada nas tensões diplomáticas com os Estados Unidos. O ministro garantiu que o país está pronto para enfrentar todos os cenários possíveis, mas sem abrir mão da responsabilidade fiscal e da diplomacia econômica.