Lula reage às tarifas de Trump e alerta para possível retaliação
Presidente brasileiro afirma que ainda busca o diálogo, mas admite que a guerra tarifária pode começar com uma resposta direta aos EUA
Por Plox
21/07/2025 22h48 - Atualizado há 3 dias
Durante um compromisso oficial em Santiago, no Chile, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o Brasil ainda não entrou em uma guerra tarifária com os Estados Unidos, mas alertou que esse cenário pode mudar rapidamente. Lula se referia às tarifas de 50% impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump sobre produtos brasileiros. O petista afirmou que só haverá confronto comercial se decidir responder diretamente às medidas norte-americanas.

'Guerra tarifária vai começar na hora que eu der a resposta ao Trump, se ele não mudar de opinião', disse Lula, destacando que as condições impostas pelos EUA são inaceitáveis
. Segundo ele, não se pode ameaçar um país com base em decisões judiciais, especialmente quando há processos em curso envolvendo figuras apoiadas por Trump.
Lula disse estar tranquilo diante da crise, graças ao trabalho do Itamaraty, do vice-presidente Geraldo Alckmin e à articulação com o setor empresarial. Para o presidente, os empresários brasileiros devem agir diretamente com seus pares norte-americanos, pois serão os mais impactados pela medida. \"Quem vai sofrer com isso são os próprios empresários\", reforçou.
Em 9 de julho, Trump enviou uma carta oficial ao governo brasileiro, comunicando a decisão de sobretaxar em 50% todos os produtos brasileiros importados pelos EUA a partir de 1º de agosto. O gesto gerou forte reação no Planalto.
Desde então, Lula tem ameaçado aplicar a Lei da Reciprocidade, mecanismo que permite retaliação contra países que impõem tarifas unilaterais ao Brasil. No entanto, até o momento, o governo federal optou por buscar soluções através do diálogo com empresários e representantes do agronegócio.
Na semana passada, Lula se pronunciou publicamente sobre o tema e destacou a postura pacífica do Brasil. Ele afirmou que foram realizadas mais de dez reuniões com autoridades norte-americanas e que, em 16 de maio, uma proposta formal de negociação foi enviada aos EUA. No entanto, em vez de uma resposta diplomática, o Brasil recebeu o que Lula classificou como uma chantagem inaceitável, baseada em informações falsas sobre o comércio bilateral.
'Fizemos mais de 10 reuniões com o governo dos Estados Unidos e encaminhamos uma proposta de negociação. Esperávamos uma resposta, e o que veio foi uma chantagem inaceitável, com ameaças às instituições brasileiras', declarou Lula.
Apesar da tensão, o presidente voltou a afirmar que o Brasil segue aberto ao diálogo e defendeu a independência das instituições nacionais, inclusive do Judiciário, diante de pressões externas. A crise tarifária ainda não chegou ao ápice, mas a ameaça de escalada persiste no horizonte diplomático e comercial.