Pesca esportiva movimenta a economia em Governador Valadares
O turismo de pesca esportiva é o que mais cresce há 20 anos seguidos
Por Plox
21/08/2021 10h53 - Atualizado há mais de 3 anos
Quem já não ouviu a famosa frase “isto é história de pescador” no sentido de mostrar que a pessoa estava exagerando os fatos. Pois bem, os pescadores hoje em dia conseguem provar seus feitos. Eles não só pescam peixes grandes como pesam, medem e fotografam e ainda por cima colaboram com o meio ambiente soltando a espécie novamente na água. Esse novo tipo de pescaria é chamado de pesca esportiva e vem movimentando a economia e o turismo no Brasil e no mundo.
Bariloche na Argentina é conhecida mundialmente por sua estação de esqui, mas ao contrário do que muitos pensam a pesca esportiva de truta lá traz mais divisas para o município que o turismo da neve. Para se ter uma ideia enquanto alguns hotéis e agências ganham levando o turista que chega a cidade para esquiar, do aeroporto para hotel e de lá para as estações de esqui e novamente para o aeroporto, o turista da pesca esportiva sai para conhecer a cidade, vai nas lojas de pesca para ver se há aparatos diferentes para pescar o tipo de peixe daquela região, vai a restaurantes, sai à noite. Além de movimentar a rede de hotelaria, restaurantes e comércio ainda movimenta toda uma cadeia produtiva relacionada à pesca: guia para levar o pescador até o local onde os peixes são mais abundantes, barqueiro, produtores de isca artificiais. Sem falar que enquanto o turista de neve fica um fim de semana ou feriado no local, o pescador passa uma semana inteira.
Pensando nisso, alguns estados brasileiros vêm adotando regras para estimular o turismo de pesca em seus territórios. O governo de Goiás estabeleceu cota zero de transporte de pescado. O pescador que pescar, deve consumir seu peixe no próprio local, não podendo levar nem para casa. Em Mato Grosso foi proibida a pesca do Dourado, por ser considerado o peixe que mais atrai turista para o Estado, uma vez que conservando o peixe no rio ele pode ser pescado várias vezes. Para pegar o peixe sem machucá-lo os adeptos da pesca esportiva usam anzol sem fisga ou com fisga amassada.
Além disso, o turismo de pesca não se resume a preservar os peixes, mas o meio ambiente como um todo. É um ciclo onde uma coisa leva a outra. Para preservar os peixes é necessário cuidar do rio, para cuidar do rio é necessário preservar a vegetação nos topos dos morros e nas matas ciliares, não jogar esgoto, nem lixo nas ruas (porque a água da chuva acaba os levando para o rio).
Rio Doce
Em Valadares, em 2005, um grupo de amantes da pesca ao perceber que os peixes do Rio Doce estavam desaparecendo resolveram criar a Associação dos Pescadores e Amigos do Rio Doce (APARD) com intuito de ajudar o rio a voltar a ser piscoso. De lá para cá a APARD vem trabalhando para transformar o rio doce em um destino para o turismo de pesca esportiva e a promoção da pesca sustentável junto aos pescadores locais. De acordo com um levantamento feito pela APARD em Valadares se consome 170 toneladas de peixe por mês, os pescadores pescavam 3,5 toneladas por mês, ou seja apenas 2% do que a população consumia.
Com intuito de ajudar os pescadores a explorarem o rio de forma sustentável a APARD criou a Cooperativa dos Pescadores Amigos do Rio Doce (Coopard) e instalou um projeto de piscicultura social nas águas do rio Corrente na UHE Baguari. Por meio deste projeto a APARD cede a infraestrutura para os pescadores criarem e venderem os peixes, ficando com renda da venda para eles. São tanques rede onde 9 famílias de pescadores criam tilápias e surumbins. A cooperativa produz cerca de 80 toneladas de tilápias e 12 de surumbins por ano. “Antes dependendo do tipo de chuva, da intensidade do vento e até mesmo se houvesse enchente os pescadores não conseguiam pescar e ficavam sem renda. Hoje com a piscicultura eles tem renda o ano inteiro”, explicou o diretor de projetos da APARD, José Francisco Silva Abreu.
Para Abreu o Rio Doce ainda é mal explorado no seu potencial. “O Rio Doce é uma riqueza para nossa cidade tão grande quanto a Ibituruna. Temos mais de 70 espécies. Peixes exóticos e nativos. Temos lambaris, pacu caranha, piau vermelho, piau branco, traíra...O Dourado do Rio Doce é grande. É daquele tipo de peixe que bate no anzol e dá um salto tão alto que a adrenalina do pescador bate no teto. Essa luta com o peixe é nossa paixão. Com um rio caudaloso e piscoso, poderemos explorá-lo não só com a pesca esportiva, mas promovendo outros esportes náuticos como: canoagem, caiaque, rafting, stand padle, passeios de barco, etc. É diferente ver o rio do alto ponte ou da margem e ver de dentro do rio. Só estando nele para perceber a exuberância que ele tem.”
O secretário de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo, Kevin Figueiredo informa que as ações de fomento já estão sendo desenvolvidas através da secretaria. Dentre elas está o apoio a Copa Valadarense de Canoagem e a elaboração de projeto em parceria com o projeto APL de Turismo com a Renova e a APARD para apoiar ações como as fazendas de peixes, pesca esportiva, passeios de barco no Rio Corrente e desenvolver essa atividade de turismo na água tão propicia para o Rio Doce e para a represa de Baguari; que são atrativos naturais do nosso destino turístico.