O desafio do transplante cardíaco: Como Faustão, quase 400 brasileiros aguardam transplante de coração

Fausto Silva, conhecido apresentador de televisão, agora se junta a uma lista que já tem 386 nomes: a de brasileiros à espera de um transplante de coração pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com as informações mais recentes divulgadas pelo Ministério da Saúde, o período de espera pode se estender por até 18 meses até que um órgão adequado esteja disponível.

O estado de São Paulo encabeça a lista com o maior número de pacientes esperando, totalizando 208. Minas Gerais aparece em quarto lugar, precedido por Distrito Federal e Paraná, contabilizando 26 pacientes. Dos que aguardam, 65,3% são homens e, destes, a maioria está na faixa etária de 50 a 64 anos. Para aqueles acima de 65 anos, assim como Faustão, que tem 73, são registrados 26 homens e quatro mulheres. Este ano, dos 244 transplantes de coração efetuados, apenas 17 foram em pacientes idosos acima de 65 anos, enquanto a maioria, 70 transplantes, ocorreu em pacientes entre 50 e 64 anos.

"O processo de transplante cardíaco é gerenciado por uma fila única através do SUS. O posicionamento do paciente na fila obedece a uma ordem cronológica, mas é ajustado conforme a gravidade da situação do paciente. Aqueles em estados mais críticos, dependentes de dispositivos para sobreviver, têm precedência", destaca Augusto Vilela, renomado cardiologista e pesquisador.

A realidade dos transplantes de órgãos no país: números e desafios

Um transplante de coração é indicado para pacientes com insuficiência cardíaca severa que não pode ser resolvida com tratamentos convencionais ou outros procedimentos cirúrgicos. Mas a jornada até o transplante é longa e cheia de obstáculos. A doação é viabilizada quando o doador é identificado com morte encefálica, onde as funções cerebrais cessam de forma irreversível. Apesar disso, é crucial que o coração continue batendo para a extração do órgão.

Tendo em vista a urgência, a janela para o transplante bem-sucedido é estreita, sendo o prazo limite de quatro horas desde a retirada até a implantação. Para que isso seja possível, a proximidade entre doador e receptor é fundamental. Antes desse momento, deve-se também verificar a compatibilidade sanguínea e até mesmo o tamanho adequado do coração para o receptor.

"Os transplantes de órgãos são procedimentos altamente complexos. No caso do coração, as principais complicações pós-operatórias envolvem sangramento, infecções e, nos primeiros cinco anos, rejeição do órgão", afirma Vilela.

Além dos corações, o Brasil possui uma demanda significativa por outros órgãos. O país registra quase 66 mil pessoas aguardando um transplante. Rins e córneas lideram a lista com 36.960 e 25.689 pacientes respectivamente, seguidos por fígado, pâncreas rim, pulmão, pâncreas e multivisceral.