Influencer faz skincare com fezes gera alerta de dermatologistas sobre riscos à saúde

Especialista desmente supostos benefícios de método inusitado divulgado por influenciadora Débora Peixoto, que pode causar infecções graves

Por Plox

21/08/2024 12h02 - Atualizado há 4 meses

A influenciadora Débora Peixoto causou uma grande controvérsia nas redes sociais ao compartilhar um vídeo no qual utiliza suas próprias fezes como parte de sua rotina de skincare. O vídeo rapidamente viralizou, gerando uma enxurrada de comentários e preocupações. 

Foto: reprodução

Débora justificou seu ato ao afirmar que havia lido um estudo que sugeria que as bactérias presentes nos excrementos poderiam ter propriedades anti-envelhecimento. Contudo, especialistas rapidamente se posicionaram contra essa prática, apontando sérios riscos à saúde.

A prática e seus perigos

Em entrevista ao GLOBO, a dermatologista Fabiola Bordin foi enfática ao desmentir qualquer benefício do uso de fezes humanas na pele. Segundo a especialista, não há base científica para sustentar a ideia de que aplicar excrementos no rosto pode melhorar a aparência ou tratar condições dermatológicas. Pelo contrário, essa prática pode trazer graves riscos de infecção.

— "Não existem estudos do uso de aplicação na pele de fezes humanas para tratamento de doenças, nem suposta melhora estética da pele. Essa prática além de inadequada, traz o risco de infecção na pele por bactérias que usualmente não deveriam estar ali e que são específicas do trato gastrointestinal", alertou Fabiola Bordin.

Uso de fezes em tratamentos médicos: o que é realmente eficaz?

Embora o uso de fezes no contexto estético seja completamente desaconselhado, há pesquisas que exploram a aplicação de transplante de microbioma intestinal no tratamento de doenças gastrointestinais. Esse procedimento tem mostrado resultados promissores na melhora da saúde intestinal, o que, por sua vez, pode beneficiar doenças inflamatórias e até mesmo condições como ansiedade e depressão, devido ao aumento da produção de serotonina. No entanto, a dermatologista enfatiza que esses benefícios não se aplicam ao uso tópico de fezes no rosto.

— "A melhora da saúde intestinal com este procedimento está sendo associada a melhora de algumas doenças inflamatórias e até sintomas de ansiedade e depressão, já que um intestino saudável aumenta a produção de serotonina, por exemplo. Sim, um intestino saudável também é associado à melhora de algumas doenças de pele como acne e dermatite atópica. Mas isso não quer dizer que aplicar fezes no rosto trará algum benefício", explicou.

Riscos de infecções e práticas extremas em busca de viralização

O comportamento de Débora Peixoto reflete uma tendência preocupante de levar práticas extremas às redes sociais em busca de viralização. A dermatologista Fabiola Bordin ressalta que tal comportamento pode ter consequências graves para a saúde.

— "Como as pessoas levam tudo ao extremo e a busca por viralizar no meio digital é cada vez mais constante, alguém inventou que isso seria interessante para a pele, mas é algo que não tem benefício algum. Não existe nada do uso de fezes no rosto para tratar doenças de pele. Se o paciente tiver algum problema na pele, pode causar foliculite ou doenças infecciosas por bactérias intestinais", concluiu Bordin.

 

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