Relatório da Polícia Federal divulgado nesta quarta-feira (20/8) trouxe à tona áudios em que o ex-presidente Jair Bolsonaro afirma ao pastor Silas Malafaia que a suspensão do tarifaço imposto pelos Estados Unidos só ocorreria após a votação da anistia no Congresso Nacional.
“Eu tô crente que se não começar votar a anistia, não tem negociação sobre tarifa. Não adianta um ou outro governador querer ir para os Estados Unidos, ir para a Embaixada (...) tentar sensibilizar não vai conseguir”
“Tem que pressionar o STF dizendo que se houver uma anistia ampla e total, a tarifa vai ser suspensa. Ainda pode usar o seguinte argumento: NÃO QUEREMOS VER SANÇÕES CONTRA MINISTROS DO STF E SUAS FAMÍLIAS. Eles se cagão disso!”
“Você não vai xingar o STF. Você não vai esculhambar o Alexandre de Moraes. Mas você pode colocar, sim, e deve: ‘Olha, minha gente, a questão da tarifa de Donald Trump não tem a ver com a economia. Tem a ver com liberdade e justiça’”
As investigações revelam também que Malafaia admitiu manter conversas com pessoas ligadas ao assessor do então presidente norte-americano. Além disso, os dois discutiam com frequência o conteúdo das postagens que seriam publicadas nas redes sociais de Bolsonaro. O pastor chegou a relatar que havia solicitado a um marqueteiro a criação da frase: “anistia já e a taxação cai”.
Os áudios reforçam a proximidade entre Bolsonaro e Malafaia na articulação política e no alinhamento de discursos que buscavam pressionar o Judiciário e sensibilizar a opinião pública em torno da anistia para os envolvidos nos atos golpistas.