Carta de asilo na Argentina foi recusada por Bolsonaro, diz defesa

PF achou documento em celular do ex-presidente, mas advogado afirma que ele rejeitou a ideia e permaneceu no país

Por Plox

21/08/2025 09h32 - Atualizado há 3 dias

A defesa de Jair Bolsonaro afirmou que o ex-presidente recebeu uma sugestão para pedir asilo político à Argentina, mas não levou a proposta adiante. De acordo com o advogado Paulo da Cunha Bueno, a recomendação teria sido feita há cerca de um ano e meio, e prontamente recusada.


Imagem Foto: TSE


Segundo Cunha Bueno, a possibilidade de fuga nunca foi considerada por Bolsonaro, que permaneceu no Brasil e participou ativamente dos trâmites judiciais relacionados ao processo que apura tentativa de golpe. O advogado ressaltou ainda que Bolsonaro esteve presente até mesmo em sessões das quais não tinha obrigação de participar, como o julgamento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra ele.


Documento encontrado no celular


Apesar da negativa da defesa, a Polícia Federal encontrou uma minuta de pedido de asilo endereçada ao presidente argentino, Javier Milei, salva no celular de Bolsonaro. O conteúdo teria sido produzido, conforme apontou a PF, pela esposa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).


O documento foi localizado durante a análise dos dados extraídos do aparelho do ex-presidente. De acordo com despacho do ministro Alexandre de Moraes, do STF, o arquivo foi salvo no celular de Bolsonaro em 10 de fevereiro de 2024, dois dias após a deflagração da Operação Tempus Veritatis, autorizada pela Corte em 8 de fevereiro do mesmo ano.


Diante do achado, Moraes determinou que a defesa do ex-presidente apresente explicações sobre a minuta no prazo de 48 horas.


Descumprimento de medidas cautelares


No relatório da investigação, a Polícia Federal também apontou que Bolsonaro teria desrespeitado diversas medidas cautelares impostas anteriormente. Um dos trechos do relatório destaca que o ex-presidente manteve atividade intensa na produção e disseminação de mensagens em redes sociais, mesmo após determinação judicial que restringia esse tipo de conduta.


A apuração foi possível a partir da restauração de dados armazenados por meio de backup do celular, permitindo à PF acessar conteúdos que estariam ligados à articulação e divulgação de mensagens com possível conotação golpista.

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