INSS barra pagamentos da Crefisa após denúncias de irregularidades

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tomou uma decisão contundente nesta quinta-feira (21/8), ao suspender os contratos firmados com a Crefisa, uma das instituições financeiras responsáveis pelo pagamento de benefícios previdenciários. A medida, publicada no Diário Oficial da União, é uma resposta direta a uma série de irregularidades identificadas nos serviços prestados pela empresa.

A interrupção não é total, mas foca especificamente nos pagamentos relacionados às novas concessões de benefícios. Segundo o despacho assinado por Gilberto Waller Junior, presidente do INSS, a suspensão é uma forma de interromper práticas prejudiciais e proteger o interesse público enquanto prosseguem as apurações sobre as denúncias recebidas.

Conforme nota oficial divulgada pelo próprio INSS, a decisão surge após diversas reclamações registradas por múltiplos canais, incluindo ofícios vindos de órgãos como o Ministério Público Federal, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e o Procon. Também foram consideradas manifestações de cidadãos feitas tanto nas Agências da Previdência Social (APS) quanto na Ouvidoria do instituto.

Entre os principais problemas relatados estão a dificuldade ou impedimento de saque dos benefícios, inclusive com atrasos e recusas de pagamento. Outros pontos envolvem a coação para a abertura de contas correntes com venda casada de produtos financeiros, ausência de estrutura nas agências da Crefisa — com longas filas, falta de caixas eletrônicos e espaços físicos inadequados — e ainda casos de portabilidade não autorizada de contas. Beneficiários também reclamaram da falta de triagem, emissão de senhas e clareza nas informações prestadas.

"O INSS não compactua com práticas que acarretem prejuízos ou desconfortos aos beneficiários, especialmente àqueles em situação de vulnerabilidade social", reforçou o órgão em nota.

Essa não foi a primeira vez que a Crefisa entrou no radar das autoridades. No mês anterior, o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz (PDT), já havia apontado a empresa como alvo de uma auditoria interna conduzida pela pasta. A investigação buscava esclarecer reclamações referentes a empréstimos consignados ofertados pela instituição.

O envolvimento da Crefisa com o INSS teve início no final de 2024, quando a empresa venceu 25 dos 26 lotes de um leilão promovido para delegar a responsabilidade pelos pagamentos dos benefícios. Desde janeiro de 2025, a empresa passou a operar formalmente com os repasses, mas as reclamações começaram a se multiplicar pouco tempo depois. Muitos dos relatos guardam semelhança com as denúncias investigadas na Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que apura fraudes relacionadas a associações de aposentados.

A reportagem entrou em contato com a Crefisa para obter um posicionamento oficial, mas até o momento da publicação não houve retorno.

A suspensão dos contratos segue em vigor enquanto durarem os processos de investigação. Para os beneficiários que dependem dos repasses, o INSS garantiu que novas medidas estão sendo estudadas para assegurar o pagamento sem prejuízos à população.