Relatório da PF revela troca de mensagens tensas entre Jair e Eduardo Bolsonaro

Um relatório da Polícia Federal, divulgado nesta quarta-feira (20), trouxe à tona conversas de WhatsApp entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL). As mensagens foram recuperadas após extração de dados de um celular apreendido, já que parte do conteúdo havia sido apagado.

Em uma das trocas, que ocorreram em junho, Jair alerta Eduardo sobre o impacto de uma pesquisa eleitoral:

“Você perde para o molusco”

, escreveu. A resposta do filho foi curta: “Melhor ficar de fora”. Eduardo prosseguiu imaginando o governador Tarcísio de Freitas em diálogo com Donald Trump sobre a China e questionou o pai se ele tinha consciência de que “tudo iria cair na sua conta”, mencionando ainda que o “futuro dos seus netos seria falar inglês”.

O clima entre pai e filho se agravou em outras mensagens. O relatório aponta que Eduardo chegou a xingar Jair com palavrões e o chamou de “ingrato”. Em tom exaltado, disse: “V seu ingrato do c. Me fud aqui! E você ainda se ajuda a se fu aí!”. O deputado também afirmou que gostaria de ser visto pelo pai da mesma forma que este enxergaria Michel Temer, questionando: “Você falaria isso do Temer?”.

As conversas fazem parte das investigações que levaram ao indiciamento de Jair e Eduardo Bolsonaro por coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Segundo a PF, os dois atuaram de maneira a tentar obstruir investigações sobre a tentativa de golpe de Estado, na qual Jair é apontado como principal réu.

A análise da corporação também destacou que Eduardo utilizou publicações em inglês em suas redes sociais para atingir público estrangeiro e interferir no andamento da Ação Penal 2668/DF, além de tentar coagir autoridades brasileiras. O relatório cita ainda que, após uma manifestação de apoio do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Jair Bolsonaro reforçou discursos alinhados às ações de Eduardo, corroborando iniciativas contrárias ao Estado brasileiro.

O documento foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito, que deverá decidir se o caso segue para avaliação da Procuradoria-Geral da República (PGR).