Deputados recuam e pedem desculpas após votação da PEC da Blindagem
Parlamentares que apoiaram a proposta alegam pressão política e dizem ter cometido um 'erro gravíssimo'; movimentos convocam protestos em várias capitais do país
Por Plox
21/09/2025 11h06 - Atualizado há 2 dias
A votação da chamada PEC da Blindagem, realizada nesta semana na Câmara dos Deputados, trouxe forte reação negativa e levou vários parlamentares a recorrer às redes sociais para justificar suas posições e pedir desculpas. O texto foi aprovado em dois turnos: 353 votos a favor e 134 contrários na primeira votação, e 344 a 133 na segunda.

A proposta de emenda à Constituição estabelece que deputados, senadores e presidentes de partidos só possam ser processados criminalmente ou presos com autorização prévia da respectiva Casa Legislativa, em votação secreta. A medida ainda alcança parlamentares estaduais e distritais.
Entre os pedidos de desculpas mais marcantes está o da deputada Silvye Alves (União Brasil-GO). Em vídeo, ela classificou seu apoio como um
'erro gravíssimo'
e declarou ter sido coagida por figuras influentes do Congresso. “Eu fui covarde e cedi à pressão, por volta de quase 23h, mudei meu voto [...]. Eu quero pedir perdão”, afirmou, antes de anunciar sua saída do partido.
O deputado Pedro Campos (PSB-PE) também recuou, tentando justificar que seu objetivo era conter a tramitação da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. “Tenho a humildade de reconhecer que não escolhemos o melhor caminho”, disse. Ele, junto ao deputado Merlong Solano (PT-PI), protocolou mandados de segurança no Supremo Tribunal Federal pedindo a anulação da votação.
Solano, por sua vez, divulgou nota oficial em que pede desculpas ao povo do Piauí e ao Partido dos Trabalhadores. Outros colegas de sigla, como Kiko Celeguim (PT-SP), reforçaram a mesma posição: “Perdemos e aprendemos uma dura lição”, escreveu nas redes sociais.
O PT justificou os votos favoráveis de 12 de seus deputados como parte de um acordo político para tentar impedir o avanço da anistia, mas muitos parlamentares afirmaram que foram ludibriados. Kiko Celeguim acusou o Centrão de “romper o acordo e mostrar mais uma vez sua face dissimulada, mentirosa e golpista”.
Enquanto isso, levantamento do instituto Genial/Quaest apontou que 83% das menções sobre o tema nas redes sociais foram negativas em relação à PEC da Blindagem.
Com esse cenário, movimentos de esquerda, como as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, articulados com partidos como PT e Psol, além de MST e MTST, convocaram manifestações para este domingo (21/9) em 33 cidades brasileiras, incluindo 22 capitais. O lema adotado é “Congresso inimigo do povo”.
No Rio de Janeiro, o ato em Copacabana contará com apresentações de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Djavan. Caetano afirmou em vídeo:
“A PEC da Bandidagem precisa receber uma resposta socialmente saudável, mostrando que o povo não aceita esse retrocesso”
.
Em São Paulo, a concentração será em frente ao Masp, na Avenida Paulista, com expectativa de grande público e participação de lideranças como Guilherme Boulos (Psol-SP). Em Brasília, o encontro está marcado para às 10h, em frente ao Museu da República, com apresentação do cantor Chico César.
Belo Horizonte também terá mobilização, começando às 9h na Praça Raul Soares, com o bloco Volta Belchior, e seguirá até a Praça Sete e a Praça da Estação. A vereadora Iza Lourença (Psol) e a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) reforçaram os convites pelas redes sociais. A deputada estadual Bella Gonçalves (Psol) criticou: “O Congresso avança na blindagem e ignora medidas como a redução da jornada de trabalho ou a isenção do IR. Isso mostra quem ele realmente representa”.
Outras capitais, como Recife, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis, também confirmaram protestos, assim como cidades do Norte e do interior, a exemplo de Belém, Manaus, Ribeirão Preto e Uberlândia.
A crescente pressão popular e a onda de arrependimentos expõem o desgaste político da PEC da Blindagem, que segue sob forte contestação nas ruas e nas redes sociais.