Indústria desacelera e agosto tem pior desempenho desde 2015

A indústria brasileira registrou, em agosto, sua maior retração para o mês desde 2015, conforme aponta levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O desempenho abaixo do esperado quebrou a tendência de crescimento habitual para o período, trazendo preocupação quanto ao ritmo da atividade econômica no país.

Foto:  José Paulo Lacerda/CNI

O índice que mede a evolução da produção industrial atingiu 47,2 pontos em uma escala de 0 a 100. Valores abaixo de 50 indicam queda em relação ao mês anterior. O número evidencia que as fábricas operaram em ritmo mais lento do que o esperado, produzindo menos que sua capacidade.

No mercado de trabalho, o cenário também foi desfavorável. O indicador de evolução no número de empregados ficou em 48,4 pontos, mostrando que mais empresas demitiram do que contrataram em agosto. Desde 2020, excetuando-se 2023, o mês vinha sendo marcado por contratações na indústria.

A utilização da capacidade instalada – que reflete quanto do potencial produtivo está sendo usado – também recuou, passando de 71% em julho para 70% em agosto. O dado está abaixo dos 72% registrados em agosto de 2024, demonstrando o ritmo mais lento de operação.

Apesar do cenário, os estoques industriais permaneceram ajustados, com o indicador em 50 pontos, o que representa estabilidade. Isso sinaliza que as empresas estão mantendo seus níveis de produtos conforme o planejado, adotando uma postura cautelosa diante das incertezas.

As expectativas para os próximos meses refletem o clima de cautela no setor. O índice que mede a previsão de crescimento na demanda por produtos caiu para 52,3 pontos, enquanto a expectativa de compra de matérias-primas recuou para 51,3 pontos. Embora ambos permaneçam acima de 50, indicando expectativa de crescimento, o otimismo é moderado.

Por outro lado, a perspectiva para exportações segue negativa, com o indicador em 46,6 pontos. A intenção de contratar novos funcionários também não apresenta melhora, mantendo-se em 49,6 pontos. Esses resultados revelam que os industriais ainda não vislumbram recuperação consistente no curto prazo.