Protestos em 33 cidades desafiam PEC da Blindagem e projeto de anistia
Artistas como Chico, Caetano e Gil reforçam mobilização em Copacabana; atos também ocorrem em Brasília, São Paulo e Belo Horizonte
Por Plox
21/09/2025 10h36 - Atualizado há 2 dias
Neste domingo (21/9), movimentos sociais de esquerda, apoiados por artistas e parlamentares, organizam uma grande mobilização em todo o país contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia em tramitação na Câmara dos Deputados. Ao menos 33 cidades brasileiras, entre elas 22 capitais, confirmaram atos públicos.

Os protestos foram convocados pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, além de movimentos como MST e MTST. O lema escolhido pelos organizadores foi “Congresso inimigo do povo”, uma crítica ao foco dos deputados em propostas que ampliam privilégios políticos em detrimento de pautas sociais, como a taxação de grandes fortunas e a isenção do Imposto de Renda para trabalhadores.
No Rio de Janeiro, a manifestação acontece em Copacabana, no Posto 5, a partir das 14h. O evento contará com apresentações de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Djavan. Em vídeo publicado nas redes sociais, Caetano declarou:
“A PEC da Bandidagem precisa receber uma resposta socialmente saudável, mostrando que o povo não aceita esse retrocesso”
.
São Paulo também terá mobilização às 14h, em frente ao Masp, na Avenida Paulista, com expectativa de público maior do que o último ato realizado em 7 de setembro. Entre as atrações confirmadas estão Leoni, Otto, Jotapê e Marina Lima, além de lideranças políticas. Já em Brasília, o encontro está marcado para as 10h, no Museu da República, na Esplanada dos Ministérios, com a presença do cantor Chico César.
Em Belo Horizonte, a concentração começa às 9h na Praça Raul Soares, seguindo para a Praça Sete e depois para a Praça da Estação. O bloco carnavalesco Volta Belchior marcará presença, assim como a vereadora Iza Lourença (Psol), a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) e a deputada estadual Bella Gonçalves (Psol), que afirmou:
“O Congresso avança na blindagem e ignora medidas como a redução da jornada de trabalho ou a isenção do IR. Isso mostra quem ele realmente representa”
.
Além dessas capitais, atos também ocorrem em Recife, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Belém, Manaus, Macapá e Porto Velho. Cidades do interior, como Uberlândia, Ribeirão Preto, Bauru e Santos, também terão manifestações.
Enquanto isso, no Senado, o relator da PEC da Blindagem, Alessandro Vieira (MDB-SE), se posicionou contra a proposta, prometendo apresentar parecer pela rejeição. A PEC, já aprovada em dois turnos na Câmara, prevê que deputados, senadores e presidentes de partidos só possam ser processados ou presos com autorização das casas legislativas, em votação secreta.
Vieira argumentou nas redes sociais que o texto traria “enormes prejuízos aos brasileiros”. Pesquisas recentes reforçam a impopularidade da medida: levantamento da Genial/Quaest mostrou que 83% das menções sobre o tema nas redes sociais são contrárias à proposta.
Diante da forte repercussão, alguns deputados que votaram a favor da PEC se retrataram publicamente. Silvye Alves (União Brasil-GO) classificou seu voto como um “erro gravíssimo” e revelou ter sofrido pressão de colegas influentes. Já Pedro Campos (PSB-PE) alegou que sua intenção era barrar a votação da anistia, mas reconheceu: “Tenho a humildade de reconhecer que não escolhemos o melhor caminho”.
Outros parlamentares, como Merlong Solano (PT-PI) e Kiko Celeguim (PT-SP), também pediram desculpas, alegando que foram enganados em negociações com o Centrão. Segundo eles, o acordo para frear a anistia não foi cumprido.
“Fizemos um esforço intenso aqui na Câmara dos Deputados para tentar evitar que a anistia fosse para a frente. O Centrão rompeu o acordo e mostrou, mais uma vez, a sua face dissimulada, mentirosa e golpista”
, declarou Celeguim.
O projeto de anistia, apoiado pelo PL e setores do Centrão, busca aliviar ou extinguir as condenações relacionadas aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, atingindo inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e integrantes do chamado “núcleo crucial”, condenados recentemente pelo STF.
A pressão popular cresce em meio ao impasse, e os atos deste domingo refletem a insatisfação da sociedade diante das propostas que beneficiam políticos e envolvidos nos ataques à democracia.