Estudo britânico liga dormir menos de cinco horas a risco elevado de depressão

Pesquisadores da University College de Londres investigam a conexão entre predisposição genética, insônia e sintomas depressivos.

Por Plox

21/10/2023 09h06 - Atualizado há 9 meses

Um recente estudo britânico, conduzido pela University College de Londres, aponta que a rotina de dormir menos de cinco horas por noite pode ser um indicativo de risco para depressão. O foco da pesquisa foi entender um dilema antigo: "O que vem primeiro: a insônia ou os sintomas depressivos?"

Odessa Hamilton, autora principal do estudo, menciona o uso de uma técnica chamada escores de risco poligênico (PGS) para determinar essa conexão. Ela afirma: “Os PGS são os índices da propensão genética para uma determinada característica”.

Análise da amostra e descobertas principais

A equipe analisou dados de 7.146 indivíduos, com idade média de 65 anos, que dormiam cerca de sete horas por noite. O estudo mostrou que aqueles com uma predisposição genética mais forte para dormir menos apresentaram uma probabilidade 2,5 vezes maior de manifestar sintomas depressivos.

Andrew Steptoe, coautor da pesquisa, salienta a crescente necessidade de compreensão entre depressão e falta de sono, sobretudo com o aumento da expectativa de vida. Seu estudo foi divulgado na revista Translational Psychiatry.

A importância do sono para a saúde mental

Fábio Leite, médico psiquiatra especializado em medicina do sono, destaca os diversos processos que ocorrem durante o sono, desde a liberação hormonal até a consolidação da memória. Ele também sublinha que a insônia é agora considerada um transtorno psiquiátrico individualizado, e não apenas um sintoma.

O psiquiatra ressalta a relevância não só da quantidade, mas também da qualidade do sono, afirmando que aspectos como microdespertares e movimentos contínuos durante a noite podem ser tão impactantes quanto a duração do sono.

Distúrbios do sono e suas consequências

Amadeu Alcântara, médico especializado em sono, menciona os trabalhadores de turno como os mais propensos a distúrbios do sono, estando, por consequência, mais suscetíveis a transtornos de humor. O médico detalha que a falta de sono adequado pode resultar desde diminuição da atenção até perda de habilidades motoras.

Futuras direções da pesquisa

Os próximos passos da pesquisa, de acordo com Hamilton, envolverão a utilização da Randomização Mendeliana para investigar a relação de causa e efeito entre a privação do sono e transtornos como depressão, ansiedade, bipolaridade e esquizofrenia.

Palavra de especialista

Um especialista destaca: “Nós moramos no país mais ansioso do mundo, e Brasília é a cidade com maior consumo per capita de psicotrópicos. É crucial controlar a privação de sono, seja por meio de medicamentos, terapia ou simplesmente mantendo uma boa higiene do sono”.

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