Google e Amazon investem em fontes limpas para suprir alta demanda de IA

Reatores nucleares serão usados para fornecer energia aos data centers das gigantes de tecnologia

Por Plox

21/10/2024 09h13 - Atualizado há cerca de 14 horas

Recentes acordos entre Google, Amazon e startups de energia nuclear dos Estados Unidos levaram a um aumento no interesse de investidores em empresas do setor. A movimentação reacende o otimismo em torno da energia nuclear, que vinha perdendo espaço desde o desastre em Fukushima, Japão, em 2011. Com os novos aportes, ações das empresas ligadas à energia nuclear alcançaram patamares recordes na Bolsa americana.

O Google firmou parceria com a startup Kairos Power para a construção de seis reatores nucleares compactos e de nova geração. A Amazon seguiu uma estratégia semelhante ao firmar um acordo com a X-energy. Ambas as empresas buscam fornecer eletricidade suficiente para data centers que suportam o processamento de inteligência artificial. O impacto do anúncio também elevou os valores das ações de startups concorrentes, como Oklo e NuScale, além de dobrar o valor da Constellation, a maior operadora de reatores nos Estados Unidos, desde o início do ano.

 

Crescimento do consumo energético impulsiona investimentos

O aumento na demanda por energia, especialmente limpa, torna-se crucial para a expansão da inteligência artificial. Atualmente, os data centers consomem cerca de 4% da eletricidade nos Estados Unidos, percentual que pode subir para 9% até 2030, segundo o Electric Power Research Institute. A utilização da tecnologia IA requer quantidades consideráveis de energia, com uma pesquisa no Google consumindo aproximadamente 0,3 watt-hora e uma consulta no ChatGPT, 2,9 watt-hora.

Em setembro, a Microsoft firmou um contrato de 20 anos com a Constellation para o fornecimento de energia, o que inclui a reativação de uma usina nuclear. Bill Gates, fundador da empresa, é conhecido por seu apoio ao uso da energia nuclear.

Nos Estados Unidos, a demanda crescente por IA é o principal motivador para a construção de novos reatores. Já em países como a França, o interesse é reduzir a dependência da energia importada da Rússia. Pelo menos 20 nações anunciaram recentemente planos para expandir a capacidade nuclear, com cerca de 60 novos reatores em construção, embora o tema ainda divida opiniões entre ambientalistas.

 

Dilema nuclear no brasil

No Brasil, o cenário nuclear é limitado a dois reatores em operação, Angra 1 e 2, localizados no Rio de Janeiro. A construção de Angra 3, iniciada há 39 anos, encontra-se paralisada desde as investigações da Operação Lava Jato, com cerca de 66% da obra concluída. O governo está prestes a decidir sobre a retomada do projeto e o custo da energia gerada.

De acordo com um estudo do BNDES, abandonar o empreendimento de Angra 3 poderia custar mais de R$ 21 bilhões, enquanto finalizar a construção exigiria R$ 23 bilhões.

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