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Cientistas da UEPB criam canudo que detecta metanol em bebidas alcoólicas

Dispositivo biodegradável utiliza radiação infravermelha e análise colorimétrica para identificar adulterantes e aumentar a segurança dos consumidores

21/10/2025 às 10:09 por Redação Plox

Pesquisadores do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) estão desenvolvendo um canudo inovador capaz de identificar a presença de metanol e outras substâncias usadas para adulterar bebidas alcoólicas.

Como funciona o canudo detector de metanol

O dispositivo foi criado a partir de uma tecnologia do mesmo departamento, que já conseguia identificar destilados adulterados sem a necessidade de abrir as garrafas. O sistema funciona utilizando radiação infravermelha, permitindo que a luz detecte substâncias estranhas na bebida, como metanol, etanol veicular e água adicionada.

O sistema emprega radiação infravermelha (luz) para identificar substâncias externas.

O sistema emprega radiação infravermelha (luz) para identificar substâncias externas.

Foto: Freepik


Quando a luz incide sobre a bebida, as moléculas presentes apresentam alterações específicas na frequência de vibração, tornando possível identificar quais substâncias estão ali.

Análise rápida e identificação colorimétrica

Em seguida, um software processa os dados e exibe no display a presença ou ausência desses compostos adulterantes. O método, que conta com 97% de precisão segundo os pesquisadores, está prestes a ser testado com amostras reais para avançar rumo à produção em escala.

A equipe trabalha na confecção de um canudo sustentável e de baixo custo, capaz de indicar a presença de metanol por meio de mudança de cor, em um processo semelhante ao dos testes de gravidez.

A ideia é que consigamos empacotar os reagentes em um canudo biodegradável. Esse canudo atua como uma espécie de coluna cromatográfica, ou seja, o empacotamento de reagentes em uma mídia. Quando entra em contato com a bebida, o fluido sobe por capilaridade, interagindo com os reagentes – Railson de Oliveira Ramos

De acordo com os pesquisadores, dentro do canudo, os reagentes ficam protegidos, e a mudança de coloração acontece de forma visível na parte externa.

Uso facilitado e produção em larga escala

A proposta é que distribuidoras, bares e restaurantes possam utilizar o canudo para garantir que as bebidas servidas estejam livres de metanol. O objetivo é ampliar o acesso ao sistema por meio de um preço acessível e fabricação em larga escala.

Com o canudo, o consumidor passa a ter maior segurança ao ingerir bebidas alcoólicas, reduzindo os riscos à saúde.

Pesquisa adaptada para crise de saúde no Brasil

No início, o foco das pesquisas era a análise da qualidade da cachaça produzida no interior da Paraíba. No entanto, a equipe adaptou o projeto para detectar também o metanol, substância tóxica que tem causado adoecimentos e mortes recentes no país.

Até 20 de outubro, o Brasil registrava 47 casos de intoxicação por metanol, incluindo nove mortes confirmadas, além de 57 casos em investigação, segundo balanço do Ministério da Saúde.

Interesse em transformar a tecnologia em política pública

O projeto da universidade paraibana chamou a atenção do Ministério da Saúde, que já manifestou interesse em transformar a tecnologia em política pública após reunião com a UEPB e representantes do Congresso Nacional.

Para Railson de Oliveira Ramos, a prioridade é disponibilizar rapidamente um kit de baixo custo para detecção do metanol.

Essa identificação é qualitativa: ela não indica quanto metanol há, apenas se ele está presente ou ausente. O kit será produzido a partir de canudos descartáveis impregnados com reagente que, ao entrar em contato com a bebida, em poucos minutos indicará se há ou não metanol – Railson de Oliveira Ramos

O estudo é realizado há dois anos no Laboratório de Química Analítica e Quimiometria da UEPB e segue em etapa de testes para viabilizar a produção em escala.

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