Argentino é condenado por matar mais de 100 pinguins com retroescavadeira

Sentença impõe regras e marca precedente na proteção ambiental na Patagônia argentina.

Por Plox

21/11/2024 09h54 - Atualizado há cerca de 1 mês

Ricardo La Regina, pecuarista argentino da Patagônia, foi condenado a três anos de prisão por crueldade animal e danos ao meio ambiente. Em 2021, ele destruiu mais de 175 ninhos e matou mais de 100 pinguins-de-magalhães ao abrir uma via rural com uma retroescavadeira próxima à reserva de Punta Tombo, uma área protegida na província de Chubut.

A reserva de Punta Tombo é reconhecida como um santuário natural, abrigando uma das maiores colônias de pinguins-de-magalhães do mundo. A área também é classificada pela Unesco como "zona de reserva".

Foto: Reprodução/La Nación

Regras impostas e consequências da sentença

Apesar da condenação, La Regina não será preso devido à legislação penal argentina, que permite a suspensão da pena em casos de réus primários com sentenças de até três anos. No entanto, o tribunal estabeleceu condições rigorosas, como a proibição de utilizar veículos pesados e realizar obras sem autorização na região, além da apreensão da retroescavadeira usada nos crimes.

A organização ambientalista Greenpeace, coautora no processo, destacou o impacto da decisão. "A sentença não só impõe uma condenação exemplar, mas também estabelece um precedente na defesa dos ecossistemas do nosso país", declarou a ONG, que classificou o ato como "ecocídio".

Ação judicial e contexto

O caso foi levado à justiça por uma coalizão formada pelo estado provincial, a Associação de Advogados Ambientalistas e ONGs como o Greenpeace. A promotora María Florencia Gómez pediu uma pena de quatro anos e afirmou que o réu agiu com "crueldade" e causou danos "irreversíveis" à fauna e flora local ao esmagar ovos e filhotes com a retroescavadeira.

Defesa e declarações do réu

No início do julgamento, La Regina admitiu ao canal argentino TN que sua conduta "não foi a correta", mas justificou sua ação afirmando que "não tinha outra saída" diante de uma alegada ausência do Estado durante mais de 10 anos. Ele argumentou que solicitava a abertura de vias e delimitações entre o campo que administrava e a reserva.

A decisão judicial, além de penalizar o ato, reforça a importância da preservação ambiental em áreas protegidas como Punta Tombo, ressaltando a responsabilidade de indivíduos e instituições no cuidado com os ecossistemas.

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