O bitcoin voltou a desabar nesta sexta-feira (21) e atingiu US$ 81.022 (R$ 434,18 mil), o menor valor em sete meses, após cair mais de 6% ao longo do dia.

A principal criptomoeda do mundo não era negociada em um patamar tão baixo desde 10 de abril, quando fechou a US$ 79.695. Desde então, não havia encerrado nenhum pregão abaixo de US$ 80 mil. Em 6 de outubro, no auge da recente escalada, chegou a valer US$ 126,31 mil.

Ether também recua e amplia pressão sobre criptoativos

O movimento de queda não se restringiu ao bitcoin. O ether, segunda maior criptomoeda do mercado, recuou 6,68%, para US$ 2.686,17 (R$ 14,39 mil), o menor nível em quatro meses.

O desempenho reforça o cenário de criptomoedas sob pressão, em meio à fuga global de ativos considerados mais arriscados. O ajuste ocorre na esteira de preocupações com os valuations elevados de empresas de tecnologia e com o enfraquecimento das apostas em cortes de juros nos Estados Unidos no curto prazo.

Mercado de risco sente abalo e volatilidade dispara

Os criptoativos são frequentemente vistos como um termômetro do apetite ao risco. A recente correção evidencia a fragilidade do humor nos mercados, com ações ligadas à inteligência artificial — que vinham acumulando forte valorização — entrando em trajetória de queda e a volatilidade ganhando força.

Se isso estiver refletindo o sentimento de risco como um todo, as coisas podem começar a ficar muito, muito feias, e essa é a preocupação agora, afirmou o analista de mercado Tony Sycamore, da IG, sobre a queda do bitcoin.

Tony Sycamore, IG

Setor perde US$ 1,2 trilhão em seis semanas

Dados da empresa de monitoramento CoinGecko apontam que, nas últimas seis semanas, cerca de US$ 1,2 trilhão (R$ 6,43 trilhões) em valor de mercado foram apagados do conjunto das criptomoedas.

O tombo ocorre após uma trajetória excepcional em 2025, quando o bitcoin renovou máximas históricas e superou os US$ 120 mil em outubro, impulsionado por mudanças regulatórias consideradas favoráveis aos criptoativos em diferentes países.

Queda recorde e reversão dos ganhos no ano

Apesar do rali anterior, analistas apontam que o setor ainda carrega os efeitos de uma queda recorde em um único dia, registrada no mês passado, que desencadeou a liquidação de mais de US$ 19 bilhões em posições.

Desde esse choque, o mercado mostra sinais de desorganização. O bitcoin devolveu todo o ganho acumulado no ano e agora acumula queda de 12% em 2025, enquanto o ether já recua quase 19% no mesmo período.

Nível de US$ 80 mil é referência para ETFs

O analista Alex Saunders, do Citi, avalia que a região de US$ 80 mil é um ponto-chave para o bitcoin, por ficar próxima da média de reservas da criptomoeda em ETFs. Para operadores, a sustentação ou a perda desse patamar tende a orientar os próximos movimentos do mercado.