Economia

Eli Lilly atinge US$ 1 trilhão em valor de mercado e lidera corrida dos remédios para obesidade

Farmacêutica se torna a primeira do setor a integrar o grupo de empresas trilionárias, impulsionada por Mounjaro e Zepbound, em meio à disputa bilionária com a Novo Nordisk pelo mercado global de medicamentos para perda de peso e diabetes

21/11/2025 às 20:43 por Redação Plox

A Eli Lilly alcançou valor de mercado de US$ 1 trilhão e se tornou a primeira farmacêutica a ingressar no seleto grupo de empresas trilionárias, até então dominado por gigantes de tecnologia. O marco reforça a ascensão da companhia como potência global no segmento de medicamentos para emagrecimento.

Fabricante do Mounjaro alcança valor de mercado de um trilhão e se torna farmacêutica trilionária

Fabricante do Mounjaro alcança valor de mercado de um trilhão e se torna farmacêutica trilionária

Foto: divulgação Lilly

A forte alta de mais de 35% nas ações da empresa neste ano foi impulsionada principalmente pela expansão acelerada do mercado de remédios para perda de peso, como o Mounjaro, consolidando esse nicho como um dos mais rentáveis da indústria de saúde nos últimos anos.

Os medicamentos à base de tirzepatida da Lilly, comercializados como Mounjaro para diabetes tipo 2 e Zepbound para obesidade, já superaram o Keytruda, da Merck, e passaram a liderar o ranking de remédios mais vendidos do mundo.

Liderança na corrida dos remédios para emagrecimento

Nos últimos dois anos, o lançamento de novos tratamentos eficazes contra a obesidade transformou esse mercado em um dos segmentos mais lucrativos da área da saúde, em um cenário no qual a disputa é liderada por Lilly e Novo Nordisk.

A Novo Nordisk teve uma vantagem inicial, mas Mounjaro e Zepbound ganharam popularidade rapidamente e ajudaram a Lilly a superar a rival em número de prescrições. A empresa americana avançou especialmente após problemas de oferta da concorrente: o lançamento do Wegovy, da Novo Nordisk, em 2021, foi prejudicado por escassez de suprimentos, abrindo espaço para a expansão da Lilly.

Além disso, os medicamentos da Lilly demonstraram maior eficácia clínica, enquanto a empresa foi mais ágil em ampliar capacidade produtiva e rede de distribuição, fortalecendo sua posição no mercado global de tratamentos para obesidade e diabetes.

Ações em alta e apostas de longo prazo

As ações da companhia chegaram a renovar recordes e eram negociadas a US$ 1.051, com leve alta próxima de 1% no dia mencionado. Hoje, os papéis da Lilly operam em um dos níveis mais elevados do setor farmacêutico, em torno de 50 vezes o lucro estimado para os próximos 12 meses, segundo dados da LSEG, refletindo a expectativa de que a demanda por medicamentos contra obesidade continue robusta.

O desempenho em bolsa também supera com folga o mercado acionário americano em geral. Desde o lançamento do Zepbound, no fim de 2023, a valorização da Lilly ultrapassou 75%, frente a uma alta superior a 50% do índice S&P 500 no mesmo período.

No último trimestre divulgado, a empresa registrou receita combinada de mais de US$ 10,09 bilhões com seu portfólio para obesidade e diabetes, montante que corresponde a mais da metade da receita total de US$ 17,6 bilhões.

A avaliação atual aponta para a confiança dos investidores na sustentabilidade a longo prazo da franquia de saúde metabólica da empresa. Também sugere que os investidores preferem a Lilly à Novo na corrida armamentista da obesidade

Evan Seigerman, analista da BMO Capital Markets

Projeções bilionárias para o mercado de obesidade

Em outubro, a Lilly elevou sua previsão de receita anual em mais de US$ 2 bilhões, considerando o ponto médio, apoiada na forte demanda global por seus medicamentos para obesidade e diabetes.

Projeções de Wall Street indicam que o mercado de remédios para perda de peso poderá atingir US$ 150 bilhões até 2030, com Lilly e Novo Nordisk dividindo a maior parte das vendas globais estimadas. Nesse cenário, a farmacêutica americana é vista como um dos principais vetores de crescimento do setor.

Os investidores agora voltam suas atenções ao medicamento oral para obesidade da Lilly, o orforglipron, cuja aprovação é esperada para o início do próximo ano. Em uma análise recente, especialistas do Citi destacaram que a nova geração de medicamentos GLP-1 já se consolidou como um “fenômeno de vendas” e projetaram que o orforglipron deverá se beneficiar dos avanços conquistados pelos tratamentos injetáveis anteriores.

Expansão nos EUA e acordo com o governo

A Lilly também deve colher resultados de um acordo firmado com o governo Trump, aliado a investimentos bilionários planejados para reforçar a produção em território americano.

Analistas avaliam que o acordo de preços com a Casa Branca pode pressionar a receita no curto prazo, mas amplia de forma significativa o acesso aos tratamentos, adicionando até 40 milhões de potenciais pacientes ao mercado de medicamentos para obesidade nos Estados Unidos.

Comparações com as gigantes de tecnologia

No mercado financeiro, a farmacêutica volta a ser comparada a alguns dos nomes mais poderosos da tecnologia. Para James Shin, diretor de Pesquisa de Ações Biofarmacêuticas do Deutsche Bank, a Lilly começa a se assemelhar novamente ao grupo das chamadas “Sete Magníficos”, que inclui empresas como Nvidia e Microsoft, responsáveis por boa parte dos ganhos do mercado neste ano.

Em determinado momento, investidores chegaram a considerar a Lilly parte desse grupo de elite, mas a companhia acabou perdendo protagonismo após uma sequência de notícias e resultados abaixo das expectativas. Agora, porém, volta a ser vista como alternativa para quem busca diversificação, sobretudo diante das incertezas e da recente fragilidade de algumas ações ligadas à inteligência artificial.

Desafios à frente e pressão sobre margens

Apesar do momento favorável, analistas e investidores acompanham de perto a capacidade da Lilly de sustentar o ritmo atual de crescimento. Os preços de Mounjaro e Zepbound estão sob pressão, e o mercado avalia se a estratégia de expansão produtiva, combinada a um portfólio diversificado e a novas aquisições, será suficiente para compensar uma eventual compressão de margens.

O desempenho da Lilly, daqui para frente, dependerá de sua habilidade em manter a liderança na corrida dos medicamentos para obesidade enquanto equilibra crescimento, preços e rentabilidade.

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