Politicando: veja as repercussões da operação policial que desarticulou grupo que planejava crimes contra autoridades, incluindo Sergio Moro

Flávio Dino, ministro da Justiça e Jair Bolsonaro, ex-presidente, se pronunciaram após o caso vir a tona

Por Plox

22/03/2023 16h09 - Atualizado há cerca de 2 anos

TCU decide que segundo estojo de joias sauditas de Bolsonaro deve ser entregue à Caixa

O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu por unanimidade que o segundo estojo de joias sauditas, que está em posse do ex-presidente Jair Bolsonaro, deve ser entregue em uma agência da Caixa Econômica Federal. Além disso, as armas que foram presenteadas pelos árabes devem ser entregues na diretoria-geral da Polícia Federal (PF).

 

A Receita Federal também deve encaminhar para a Caixa as joias que foram retidas no Aeroporto de Guarulhos. O conjunto foi presenteado em 2021 pelo governo da Arábia Saudita, em ocasião que o Brasil foi representado pelo então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque.

Determinações do TCU

De acordo com o TCU, as armas devem ser entregues na diretoria da polícia administrativa da PF, no edifício sede da corporação, em Brasília. Já as joias em posse de Bolsonaro devem ser entregues à Caixa Econômica Federal. A secretaria especial da Receita Federal do Brasil deve entregar à Caixa o conjunto de joias retido pelas autoridades alfandegárias.

A defesa de Bolsonaro aguardava por uma definição do TCU para realizar a entrega do estojo de joias. O ex-presidente já havia entregue o primeiro estojo, que continha um colar, um anel, um relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em 3 milhões de euros, o equivalente a R$ 16,5 milhões.

Relembre o caso

Em outubro de 2021, Bolsonaro foi convidado a participar de um evento do governo da Arábia Saudita, mas não compareceu. O ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque representou o Brasil na ocasião. No final do evento, o príncipe Mohammed bin Salman Al Saud entregou ao ex-ministro dois estojos.

O segundo estojo, que continha uma caneta, um anel, um relógio, um par de abotoaduras e um terço, em valores oficialmente não divulgados, foi listado no acervo pessoal de Bolsonaro.

Quando a equipe de assessores de Bento Albuquerque chegou ao aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, um dos assessores, que estava com o primeiro estojo, foi impedido de levar os presentes, já que os valores ultrapassavam mil dólares. A Receita Federal no Brasil obriga que sejam declarados ao fisco qualquer bem que entre no país cujo valor seja superior a essa quantia.

Operação policial desarticula grupo que planejava sequestros e assassinatos de autoridades, incluindo Sergio Moro

A Polícia Federal (PF) iniciou uma operação na manhã desta quarta-feira (22) para desarticular uma facção criminosa suspeita de planejar sequestros e assassinatos de autoridades, incluindo o senador Sergio Moro (União Brasil). Segundo a investigação,  seria uma retaliação dos criminosos, que teve início em 2022 em resposta a uma portaria do governo que restringia visitas em presídios federais.
 

Detalhes da operação e prisões realizadas

A operação resultou no cumprimento de 24 mandados de busca e apreensão e 11 de prisão em São Paulo, Paraná, Rondônia e Mato Grosso do Sul. Até o momento, nove pessoas foram presas. Durante a ação, a PF encontrou um cômodo secreto atrás de uma parede falsa em São José dos Pinhais, no Paraná.
Planos de sequestro e homicídio contra autoridades

Além de Sergio Moro, outras autoridades também eram alvo do grupo criminoso. Os suspeitos pretendiam sequestrar e assassinar simultaneamente várias autoridades públicas, incluindo o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de Presidente Prudente, interior de São Paulo.
Motivação do grupo e monitoramento de Moro

 

Sergio Moro- Foto: Sergio Moro

 

As investigações apontam que a facção criminosa buscava retaliação a Moro devido às mudanças no regime de visitas em presídios, promovidas por ele durante sua atuação como ministro de Segurança Pública. A facção também considerava a possibilidade de sequestrar Moro para negociar a liberação do chefe da organização, Marcola. Agentes revelaram que pelo menos dez criminosos monitoravam a família do senador em Curitiba.

 

Dinheiro e documentos foram apreendidos - Foto: divulgação


 

Repercussão e pronunciamento de Moro

O ministro da Justiça, Flávio Dino, confirmou em suas redes sociais que as vítimas seriam um senador e um promotor de Justiça. Sergio Moro também comentou sobre a operação e afirmou que fará um pronunciamento no Senado sobre ser alvo das ameaças do grupo criminoso.

 

Esse carro  também foi apreendida -  Foto: divulgação

 

Essa moto também foi apreendida - Foto:  Foto: divulgação


Criminosos monitoram família de Sergio Moro desde janeiro

De acordo com as investigações, a família do ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR) estava sob monitoramento de integrantes do PCC desde janeiro, suspeitos de planejar assassinatos e sequestros de autoridades. O senador afirmou ser um dos alvos do grupo criminoso. As informações foram reveladas pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de Presidente Prudente, interior de São Paulo.
Promotor de Justiça também era alvo

O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que investiga a facção criminosa desde o início dos anos 2000, também estava na mira do grupo. Gakiya vive sob proteção policial há mais de uma década devido a ameaças de morte recorrentes. Após ser alertado por Gakiya, o procurador de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubo, comunicou Moro e a cúpula da Polícia Federal sobre as ameaças.
 

Encontro em Brasília

Dinheiro e joias foram apreendidos - Foto: divulgação

Em janeiro, Sarrubo e Gakiya se reuniram em Brasília com Moro e sua esposa, Rosângela Moro, deputada federal eleita. Todas as informações coletadas foram encaminhadas à direção geral da PF, que designou um delegado para investigar o caso. A segurança pessoal de Moro e sua esposa foi reforçada.
Ataques simultâneos planejados

Os investigadores descobriram que os criminosos planejavam homicídios e extorsões mediante sequestro em pelo menos cinco unidades da federação. Os ataques poderiam ocorrer simultaneamente. A retaliação a Moro estava relacionada a mudanças no regime de visitas em presídios. Os criminosos também cogitavam sequestrar o senador para negociar a liberação de Marcola, líder da facção. Pelo menos dez criminosos se revezavam no monitoramento da família do senador em Curitiba.
Estratégias dos criminosos

Os suspeitos alugaram chácaras, casas e até um escritório próximos aos endereços de Moro. A família do senador teria sido monitorada por meses pela facção criminosa. Após serem alertados pelo Gaeco de São Paulo, Moro e sua família passaram a contar com escolta da Polícia Militar do Paraná. A superintendência da PF informou que outras autoridades também estavam sendo monitoradas pela facção.

Bolsonaro busca politizar ameaça a Sergio Moro e criar similaridades com outros casos

Nesta quarta-feira, 22, após o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, revelar que criminosos planejavam matar o senador Sergio Moro, o ex-presidente Jair Bolsonaro se manifestou nas redes sociais, tentando politizar o caso.

Sem apresentar provas, Bolsonaro buscou vincular a “esquerda” aos planos da alta cúpula do tráfico no Brasil de se vingar de Moro e do promotor de Justiça de São Paulo, Lincoln Gakiya. Além disso, tentou criar similaridades entre o atentado contra sua vida na corrida eleitoral de 2018 e o assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, em 2002, com o caso atual.

Buscando manter sua força política, representada pelos 58 milhões de votos recebidos no segundo turno das eleições, Bolsonaro se articula politicamente nos Estados Unidos, onde está “refugiado”. 

Ministro da Justiça repudia vinculação entre atentado e política

Nesta quarta-feira, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, reforçou que é inaceitável qualquer associação entre a tentativa de atentado contra o senador Sergio Moro e a política brasileira. Dino afirmou que a politização indevida desses eventos só serve para ajudar a quadrilha responsável pelas ameaças que levaram à prisão de nove criminosos.

"Eu faço essa declaração dizendo que é vil, dizendo que é leviana, dizendo que é descabida, qualquer vinculação a esses eventos com a política brasileira", afirmou o ministro, que pediu mais seriedade no debate político do país. "Não se pode pegar isoladamente uma declaração de ontem e vinculá-la à investigação que tem meses", completou.

O sucesso da investigação, segundo Dino, é resultado da atuação técnica e independente da Polícia Federal em defesa da vida e da integridade do senador, que é oposição ao atual governo. O ministro também ressaltou que não há aparelhamento político do Estado em favor ou contra ninguém.

Polêmica nas redes sociais

A declaração do ministro ocorre após repercussões nas redes sociais e entre políticos de oposição que relacionam as ameaças a Moro a uma fala do presidente da República, na terça-feira (21). Na ocasião, o presidente afirmou que, quando estava preso, disse que só ficaria feliz depois de "foder o Moro".

Sergio Moro defende criminalização do planejamento de atentados contra autoridades públicas

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) afirmou em sua primeira entrevista após o plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para matá-lo e a sua família vir a público, que vai sugerir a criminalização do planejamento de atentados contra autoridades públicas.

Em entrevista ao Estúdio I, na GloboNews, na tarde desta quarta-feira (22), Moro ressaltou que é um absurdo a polícia ter que esperar o crime começar para poder reagir, quando já tem conhecimento do plano de ataque. A afirmação foi feita após a Polícia Federal desencadear uma operação contra os envolvidos no plano criminoso.

Moro contou que foi informado sobre o plano do PCC para sequestrá-lo e pessoas de sua família no final de janeiro, em retaliação à sua atuação como ministro. Na época, como ministro de Segurança Pública, Moro determinou a transferência do chefe da facção, Marcos Camacho, o Marcola, e de outros integrantes para presídios de segurança máxima, defendendo o isolamento de organizações criminosas como forma de enfraquecê-las.

Desde o início de fevereiro, Moro conta com escolta da Polícia Legislativa em agendas e viagens. No Paraná, sua terra natal, ele e a família têm proteção especial da Polícia Militar. As medidas foram tomadas após o Ministério Público do estado de São Paulo identificar o plano para sequestrá-lo e matá-lo, e comunicá-lo à PF. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também acionou a Polícia Legislativa para providenciar escolta ao senador.

Na entrevista, Moro contou com a participação da esposa, a deputada federal Rosângela Moro (União-SP), que também se manifestou sobre o assunto.

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