Diesel da Petrobras chega a R$ 0,40 acima do mercado internacional e governo pressiona por corte
Com o preço do barril em queda e o real fortalecido, membros do governo avaliam que há espaço para redução nos valores cobrados pela estatal
Por Plox
22/03/2025 10h51 - Atualizado há cerca de 1 mês
O preço do diesel praticado pela Petrobras está no centro de uma nova pressão dentro do governo federal. A avaliação de membros do Executivo é de que o valor cobrado pela estatal no Brasil está até R$ 0,40 acima das cotações internacionais, o que abre espaço para um corte no combustível.

Segundo apuração, integrantes do governo acreditam que a redução poderia ajudar no combate à inflação, diante da preocupação crescente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os preços. A queda no preço do petróleo e o fortalecimento recente do real frente ao dólar fortalecem essa visão. Desde meados de janeiro, o barril do tipo Brent caiu de US$ 82 para US$ 72.
A última movimentação da Petrobras foi em fevereiro, quando a empresa aumentou em mais de 6% o preço médio do diesel para as distribuidoras, atingindo R$ 3,72 por litro. Esse foi o primeiro reajuste em mais de um ano e contribuiu para o aumento dos custos de frete no país. No entanto, agora o cenário aponta para uma possível reversão.
A análise do governo é que o diesel vendido nas refinarias, atualmente na faixa de R$ 3, somado à mistura de biodiesel, custos de distribuição e revenda e tributos, tem chegado ao consumidor a uma média de R$ 6,43, conforme dados da pesquisa de preços encerrada em 15 de março.
A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) estima que o valor nacional está pelo menos R$ 0,20 mais alto que o internacional. Se considerados preços do mercado russo, não utilizados como referência pela entidade, a diferença atinge R$ 0,40, o que corresponderia a uma queda possível entre 5,3% e 10,7%.
Apesar das críticas nos bastidores, o governo tem evitado intervir diretamente na estatal. A avaliação é de que a decisão sobre mudanças deve partir da própria diretoria da empresa, liderada pela CEO Magda Chambriard, com apoio de dois executivos no grupo de acompanhamento de preços.
Desde maio de 2023, a Petrobras deixou de usar exclusivamente a política de paridade de importação (PPI), adotando uma estratégia comercial que leva em conta as melhores condições de produção e logística. A empresa afirma que monitora o mercado internacional diariamente e evita repassar volatilidades ao mercado interno.
Em entrevista recente, Chambriard destacou que a política atual tem conseguido \"abrasileirar\" os preços, equilibrando a competitividade com a estabilidade. Segundo ela, a meta é não repassar aos consumidores as oscilações do câmbio e do petróleo.
Em relação à gasolina, a tendência apontada pelo governo também é de queda nos preços, mas nesse caso, o principal fator seria o aumento na produção de etanol. A expectativa é que a competitividade do álcool pressione os preços da gasolina, obrigando a estatal a se ajustar para não perder mercado.