Revista Science critica Lula por políticas que impulsionam desmatamento e combustíveis fósseis

Às vésperas da COP30, editorial afirma que Brasil não dá o exemplo e alerta para retrocessos ambientais em diferentes ministérios

Por Plox

22/03/2025 15h00 - Atualizado há 10 dias

À medida que a realização da COP30 se aproxima — marcada para novembro de 2025 em Belém, no Pará —, a revista científica

Imagem Foto: Presidência
Science publicou um editorial com duras críticas à condução da política ambiental pelo governo Lula (PT). Segundo a publicação, o Brasil, anfitrião da conferência, “não está liderando pelo exemplo”.



No texto intitulado COP30: Brazilian Policies Must Change, a revista aponta que, para conter o avanço rumo ao colapso climático, é necessário não apenas frear o desmatamento, mas também eliminar rapidamente a queima de combustíveis fósseis. No entanto, de acordo com o editorial, o país continua adotando medidas que contrariam essa meta global.



Embora elogie a atuação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, chefiado por Marina Silva, a Science destaca que outros setores do governo caminham na direção oposta. As ações de pastas como Transportes, Agricultura e Minas e Energia foram citadas como impulsionadoras de emissões de gases do efeito estufa.


O Ministério dos Transportes, por exemplo, pretende viabilizar o chamado \"trecho médio\" de 408 km da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, abrindo caminho para o desmatamento na floresta amazônica. Segundo a publicação, a extensão dessas obras e suas vias secundárias cortam áreas com potencial para liberar quantidades massivas de carbono na atmosfera, podendo agravar ainda mais o aquecimento global.



Já o Ministério da Agricultura foi criticado por subsidiar a conversão de pastagens em plantações de soja. A revista explica que essa valorização estimula a venda de terras menos lucrativas, com produtores investindo em áreas maiores e mais baratas da Amazônia, contribuindo para o desmatamento em regiões remotas.


O editorial também alerta sobre a atuação do Ministério de Minas e Energia, que tem promovido a abertura de novos campos de exploração de petróleo e gás, tanto na floresta quanto em áreas offshore. Um dos projetos mais polêmicos envolve a foz do Rio Amazonas, nas proximidades do local onde será realizada a COP30.



Para a Science, o Brasil está adotando uma “fórmula para o desastre climático”, ao insistir na perfuração de petróleo como forma de alcançar um nível econômico semelhante ao dos países desenvolvidos. A revista conclui que a COP30 enfrentará obstáculos significativos, entre eles, promover uma mudança radical nas políticas brasileiras, tanto no combate aos vetores do desmatamento quanto na exploração de combustíveis fósseis.



A realização da conferência em território brasileiro, destaca o texto, amplia a responsabilidade do país em liderar com ações concretas e sustentáveis, o que, segundo o editorial, ainda não está acontecendo.


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