Avalanche de multas na Meta: a maior sanção financeira por violação de dados na Europa
Essa é a maior multa já imposta na Europa para uma violação desse tipo.
Por Plox
22/05/2023 12h28 - Atualizado há mais de 1 ano
A gigante americana de tecnologia Meta, que abriga redes sociais populares como Facebook, Instagram e WhatsApp, enfrenta uma pesada sanção financeira na Europa, em uma decisão sem precedentes. A companhia foi condenada a pagar uma multa de 1,2 bilhão de euros (aproximadamente R$ 6,4 bilhões) por desrespeitar a legislação de proteção de dados do bloco. Essa é a maior multa já imposta na Europa para uma violação desse tipo.
Transgressão de normas e direitos: a luta pela proteção de dados
A Comissão Irlandesa de Proteção de Dados (DPC), que atua como representante da União Europeia (UE) para monitorar o cumprimento do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), condenou a Meta por proceder com a transferência de dados pessoais de usuários europeus para os Estados Unidos. A DPC também instruiu a Meta a suspender todas as transferências de dados pessoais para os EUA no prazo de cinco meses e a cumprir integralmente o RGPD dentro de seis meses.
Reação da Meta: uma guerra legal em andamento
Em resposta à decisão, a Meta expressou sua intenção de apelar, considerando a multa "injustificável e desnecessária". Em comunicado, a empresa argumentou que "milhares de empresas e organizações dependem da capacidade de transferir dados entre a UE e os EUA", sugerindo que existe um "conflito jurídico fundamental" entre as leis americanas de acesso a dados e os direitos de privacidade europeus.
A Meta expressou esperança na implementação de um novo marco legal para a transferência de dados pessoais nos próximos meses, decorrente de um acordo em princípio alcançado no ano passado.
Consequências para a Meta: o impacto de desafiar a privacidade dos usuários
Para a associação europeia de defesa da privacidade Noyb (sigla para "none of your business", ou "não é do seu interesse"), esta é uma forte reprimenda para a Meta. A associação já liderou diversas ações legais contra grupos de tecnologia americanos na Europa e destaca que, desde as revelações de Edward Snowden sobre a colaboração das gigantes de tecnologia dos EUA com a vigilância em massa da NSA (Agência de Segurança Nacional), a Meta tem sido objeto de disputas judiciais na Irlanda.
Max Schrems, fundador do Noyb, pontuou que a multa contra a Meta "poderia ter sido muito maior, já que a multa máxima é superior a 4 bilhões e a Meta infringiu a lei conscientemente para gerar lucros durante 10 anos". Ele alertou ainda que, se as leis de vigilância americanas não forem modificadas, a Meta terá que reestruturar profundamente seus sistemas.
No radar dos reguladores: outras punições para a Meta na UE
Este incidente é o terceiro de 2023 a resultar em uma multa contra a Meta na UE, e a quarta em seis meses. A DPC já havia anunciado uma multa de quase 400 milhões de euros (R$ 2,15 bilhões) em janeiro por violações no uso de dados pessoais para fins publicitários nos aplicativos do Facebook, Instagram e WhatsApp. Em março, uma outra penalidade de € 5,5 milhões (R$ 29,6 milhões) foi aplicada por infração ao RGPD com o serviço de mensagens WhatsApp.
Desde então, a Meta se comprometeu a alterar suas condições de uso na Europa a fim de continuar coletando e processando os dados pessoais de seus usuários europeus.
As gigantes de tecnologia sob escrutínio: o contexto maior de regulamentações e processos judiciais
Esta série de punições ocorre em meio a um aumento significativo de controle e ações legais tanto na União Europeia quanto nos Estados Unidos contra o grupo de empresas conhecido como GAFA (Google, Amazon, Facebook e Apple). Recentemente, medidas semelhantes foram adotadas contra o chinês TikTok. Em 2021, a Amazon recebeu uma multa de 746 milhões de euros (R$ 4 bilhões) em Luxemburgo por violação do RGPD.
A nova onda de penalidades financeiras e regulatórias que se abatem sobre a Meta sinaliza uma intensificação da batalha pela proteção de dados e da privacidade dos usuários em todo o mundo. Com a crescente conscientização sobre a importância dos direitos digitais, as empresas de tecnologia são forçadas a ajustar suas operações para cumprir as regulamentações cada vez mais rigorosas.