Insultos racistas a Vinícius Júnior: Real Madrid apresenta queixa por crime de ódio

O presidente do clube se reuniu hoje com o atacante brasileiro, para detalhar quais ações serão tomadas pelo clube

Por Plox

22/05/2023 11h31 - Atualizado há quase 2 anos

Nesta segunda-feira (22), o Real Madrid divulgou uma nota oficial sobre os insultos racistas sofridos por Vinícius Júnior, atacante brasileiro, em Jogo contra o Vlência, neste domingo (21). Em resposta ao fato, o time espanhol informou que fez uma queixa por crime de ódio.

Foto: reprodução/ Twitter/ Vinícius Jr

 

O clube reagiu ao incidente, descrevendo-o como um "ataque direto ao modelo de convivência do nosso Estado social e democrático de direito". Na sequência deste incidente chocante, o Real Madrid tomou medidas legais contra os autores do ataque, apresentando uma queixa por crime de ódio à Procuradoria-Geral do Estado. Em seu comunicado oficial, o clube manifestou seu compromisso em combater esses atos e pediu a devida investigação.

Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, e Vinícius Jr. Foto: reprodução/ Twitter/ Real Madrid

 

“O Real Madrid considera que tais ataques também constituem um crime de ódio, pelo que apresentou a denúncia correspondente à Procuradoria-Geral do Estado, especificamente à Promotoria contra crimes de ódio e discriminação, para que os fatos sejam investigados e apuradas as responsabilidades”.

Também na manhã de hoje, Florentino Pérez, presidente do Clube, se reuniu com o atleta para detalhar quais ações deveriam ser tomadas em relação ao fato lamentável. Estas ações não foram detalhadas pelo Real Madrid.

Reunião entre Pérez e Vinícius Jr. Foto: reprodução/ Twitter/ Real Madrid

 

Veja a nota divulgada pelo Real Madrid em seu site, traduzida para português:
“O Real Madrid C.F. manifesta o seu mais veemente repúdio e condena os acontecimentos verificados ontem contra o nosso jogador Vinícius Junior. Esses factos constituem um ataque direto ao modelo de convivência do nosso Estado social e democrático de direito.
O Real Madrid considera que tais ataques também constituem um crime de ódio, razão pela qual apresentou a correspondente denúncia à Procuradoria-Geral do Estado, mais especificamente à Procuradoria contra crimes de ódio e discriminação, para que os factos sejam investigados e as responsabilidades apuradas.
O artigo 124 da Constituição espanhola estabelece como funções do Ministério Público para promover a acção da justiça em defesa da legalidade e dos direitos dos cidadãos e do interesse público.
Por este motivo, e face à gravidade dos factos ocorridos, o Real Madrid recorreu à Procuradoria Geral do Estado, sem prejuízo do seu carácter privado nos procedimentos que se seguirem”.
 

O caso

Neste domingo (21), Vinicius Junior, estrela brasileira do Real Madrid, foi vítima de comportamento racista durante a partida do clube contra o Valência no Estádio Mestalla, em Valência, na Espanha, em partida pela La Liga (Campeonato Espanhol).

Em meio à intensa atmosfera do jogo, Vinicius foi alvo de ofensas raciais e ouviu gritos de 'macaco' emanando das arquibancadas. A partida foi interrompida por cerca de oito minutos em resposta à conduta repugnante de alguns torcedores, enquanto a polícia interveio para tratar da situação.

Carlo Ancelotti e Vinícius Jr. Foto: reprodução/ Twitter/ Carlo Ancelotti

 

O incidente culminou no minuto 29 da segunda etapa, quando o jogador brasileiro tentou uma jogada à esquerda. Uma segunda bola arremessada no campo instantes antes foi chutada pelo atleta do Valencia, Eray Cömert, com o intuito de interromper o lance. Nesse momento, Vinicius se dirigiu à torcida local, apontando para os indivíduos responsáveis pelos insultos.

A situação foi ainda mais tensa quando Vinicius se envolveu em um conflito com o goleiro do Valencia, Giorgi Mamardashvili. O incidente resultou na expulsão de Vinicius do jogo, que saiu do campo fazendo o gesto do número dois com a mão, provocando a torcida do Valência, time que briga para não cair para a segunda divisão no campeonato.

Em suas redes sociais, Vini Jr se pronunciou. Veja:

“Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga.  A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhois que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”.

Além dos Atletas, Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid se pronunciou, fazendo críticas a situação, em entrevista coletiva. Também em suas redes sociais, o técnico afirmou que o racismo não pode estar em qualquer lugar da sociedade. Veja:

"Hoje foi um dia triste no Mestalla, onde um grupo de torcedores mostrou sua pior versão. É hora de parar de falar e agir com força. O racismo não pode ter lugar no futebol ou na sociedade. NÃO AO RACISMO EM QUALQUER LUGAR".

 

Brasil se mobiliza para notificar a Espanha

Em resposta ao episódio perturbador, o Ministério da Igualdade Racial do Brasil confirmou que entrará em contato com as autoridades espanholas. A intenção é cobrar medidas para prevenir tais ocorrências racistas que têm manchado o futebol.

O ministério declarou em uma nota nas redes sociais: “Repudiamos mais uma agressão racista contra o Vini Jr. Notificaremos as autoridades espanholas e a La Liga. O Governo brasileiro não tolerará racismo nem aqui nem fora do Brasil! Trabalharemos para que todo atleta brasileiro negro possa exercer o seu esporte sem passar por violências”.

Após o incidente, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, expressou sua solidariedade a Vinicius Junior, um dos maiores talentos do futebol mundial. Ele afirmou que organizações como a FIFA, a liga espanhola e as ligas de futebol de todos os países devem tomar medidas contra o "racismo e o fascismo" no futebol.

 Sua declaração e a consequente ação do governo brasileiro destacam a necessidade de uma resposta firme à discriminação racial, tanto dentro quanto fora dos estádios de futebol.

 

Destaques