Ativos de estatais mineiras não cobrem nem 30% da dívida com a União
Mesmo com projeções otimistas, valores de Cemig, Copasa e Codemig não reduzem significativamente o débito bilionário de Minas com o governo federal
Por Plox
22/05/2025 08h29 - Atualizado há 3 dias
Mesmo considerados a principal esperança para reduzir a dívida bilionária de Minas Gerais com a União, os ativos estatais mineiros estão longe de solucionar o problema. A soma dos bens mais valiosos do estado, mesmo com as estimativas mais otimistas, representa menos de 30% do débito total, que chega a cerca de R$ 165 bilhões.

Durante audiência pública na Assembleia Legislativa, o vice-governador Mateus Simões (Novo) apresentou as estimativas máximas dos principais ativos estaduais. A Codemig, dona de reservas de nióbio, é apontada como o bem mais valioso, com valor de mercado estimado em até R$ 32 bilhões, segundo o banco Goldman Sachs.
Em seguida aparece a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), cujas ações em posse do governo — cerca de 17,5%, o que representa metade do capital votante — estão avaliadas entre R$ 7 bilhões e R$ 7,5 bilhões, conforme os valores praticados na Bolsa de Valores.
Já a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) aparece logo depois, com estimativa de R$ 4 bilhões. A lista se completa com a Compensação Financeira entre os Regimes Previdenciários (Comprev), que pode render até R$ 1 bilhão em repasses futuros, e a Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), avaliada em até R$ 500 milhões.
Somando todos esses ativos, o total chega a R$ 45 bilhões — número que, embora significativo, não cobre nem um terço do passivo estadual com o governo federal.
Além desses, o governo de Romeu Zema ainda pretende federalizar outros bens, como imóveis espalhados pelo estado, mas seus valores não foram revelados ou considerados nesta projeção. O plano é usar esses ativos para obter abatimento parcial da dívida.
Contudo, a estratégia enfrenta resistência. A oposição na Assembleia Legislativa busca retirar algumas dessas estatais do pacote de federalização. O deputado Ulysses Gomes (PT), líder do grupo opositor, defende que apenas a Codemig seja federalizada. Segundo ele,
“Apenas a Codemig é suficiente e essencial para resolver a dívida, sem necessidade de incluir outras estatais”
.
A oposição já iniciou diálogo com o Ministério da Fazenda, tentando demonstrar o valor estratégico da Codemig e sua relevância para o estado. No entanto, mesmo isoladamente, a federalização da Codemig resultaria num abatimento inferior a 20% da dívida total.
O governo segue com os projetos de privatização e federalização como caminho para lidar com o déficit financeiro. No entanto, diante dos números, é evidente que a venda ou repasse das estatais, sozinha, não será suficiente para quitar a dívida com a União. O impasse continua sendo um dos grandes desafios da gestão estadual.