PT realizará eleição interna com cédulas de papel após impasse com Justiça Eleitoral
Dificuldades no empréstimo de urnas eletrônicas levaram o partido a optar por votação manual no pleito de julho
Por Plox
22/05/2025 14h14 - Atualizado há 1 dia
O Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu que suas eleições internas, marcadas para 6 de julho, ocorrerão por meio de cédulas de papel. A escolha foi anunciada pela Executiva Nacional da sigla após a constatação de que não seria possível viabilizar o uso das urnas eletrônicas em todos os estados brasileiros.

A decisão veio após tratativas com a Justiça Eleitoral não resultarem em um apoio uniforme. O partido havia solicitado formalmente, ainda em março, o empréstimo dos equipamentos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em reunião com a ministra Cármen Lúcia, atual presidente da corte. Contudo, a ministra destacou que a liberação caberia aos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) de cada unidade da federação.
Das 27 unidades federativas, apenas 16 sinalizaram positivamente ao pedido. Quatro estados rejeitaram a solicitação – Alagoas, Espírito Santo, Minas Gerais e Pernambuco – e sete ainda estavam em fase de negociação: Roraima, Santa Catarina, Piauí, São Paulo, Paraná, Tocantins e Acre. As principais preocupações dos TREs envolviam a segurança do processo e as dificuldades logísticas para o transporte e a operação das urnas.
Diante da impossibilidade de padronizar o processo em todo o país, a cúpula petista optou por adotar uma única metodologia de votação, desta vez totalmente manual.
“Como a Justiça Eleitoral não teve condições de disponibilizar as urnas eletrônicas para a realização do PED em todos os municípios do Brasil decidimos manter nosso PED com voto em cédula”,
explicou Henrique Fontana (PT-RS), secretário-geral nacional do partido.
A eleição, que deve contar com cerca de 3 milhões de filiados aptos a votar – todos registrados até 28 de fevereiro deste ano –, marcará o retorno do PT ao sistema de cédulas de papel após mais de uma década. A última vez que o partido utilizou esse formato em uma eleição direta foi há 12 anos.
O primeiro turno está marcado para 6 de julho. Caso haja necessidade de segundo turno, a nova votação ocorrerá no dia 20 do mesmo mês. O objetivo principal é eleger o próximo presidente nacional da legenda.
Na disputa, destaca-se o nome de Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara e aliado direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele conta com o apoio da corrente interna Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária dentro da sigla. Outros quatro nomes também disputam o comando do partido: o deputado federal Rui Falcão (SP), o secretário de Relações Internacionais Romênio Pereira, o dirigente nacional Valter Pomar e Dani Nunes, suplente de vereadora no Rio de Janeiro.
Nas últimas duas eleições internas, realizadas em 2017 e 2019, a presidência foi conquistada por Gleisi Hoffmann, que contou com o apoio de Lula e venceu por meio de um sistema híbrido de votação.