Suspenso julgamento de PM acusado de matar Leandro Lo em balada
Desembargador do TJ-SP acata pedido da defesa e adia júri de Henrique Velozo, acusado de atirar na cabeça do lutador durante show em 2022
Por Plox
22/05/2025 14h08 - Atualizado há 1 dia
O júri popular do tenente da Polícia Militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, acusado de matar com um tiro na cabeça o campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo, foi suspenso pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). O julgamento, que estava agendado para esta quinta-feira (22), ocorrerá em nova data a ser definida.

A decisão foi tomada após o desembargador Marco Antônio Cogan conceder uma liminar solicitada pela defesa do réu. Os advogados alegaram que o juiz responsável pelo caso impediu o depoimento de peritos contratados pela defesa, comprometendo, segundo eles, o direito de Velozo a um julgamento justo. O mérito desse pedido ainda será julgado por uma câmara de desembargadores.
Enquanto isso, o acusado segue detido preventivamente no presídio militar Romão Gomes, localizado na Zona Norte da capital paulista. Ele também responde a um processo administrativo na Justiça Militar, que pode resultar em sua expulsão da corporação, já que usou a arma da PM, fora de serviço e à paisana, para cometer o crime.
O advogado do réu, Cláudio Dalledone, declarou que o julgamento no Tribunal do Júri “não é instrumento de punição, mas uma garantia de julgamento justo”. Ele espera que uma eventual absolvição ajude a manter Velozo nos quadros da corporação.
A morte de Leandro Lo ocorreu em 7 de agosto de 2022, durante um show do grupo Pixote no clube Sírio-Libanês, na Zona Sul de São Paulo. Testemunhas relataram que o policial, aparentemente sozinho, provocou o lutador e seus amigos, chegando a pegar uma garrafa de bebida da mesa deles. Em seguida, Leandro o imobilizou para conter a situação. Após se afastar, Velozo sacou a arma e disparou na cabeça de Lo. O atleta ainda foi socorrido e levado ao Hospital Municipal Arthur Saboya, mas não resistiu.
Uma testemunha que preferiu não se identificar afirmou que, depois do disparo, o tenente ainda chutou o lutador caído antes de fugir. A defesa da família da vítima reforçou esses relatos e cobrou justiça pelo crime.
Mesmo preso há mais de dois anos e oito meses, o tenente segue recebendo salário da Polícia Militar, beneficiado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Leandro Lo foi um dos maiores nomes do jiu-jítsu mundial, com oito títulos mundiais conquistados entre 2012 e 2022. O lutador, que se destacou em diversas categorias, sempre agradeceu nas redes sociais o apoio que recebia em sua trajetória. Em uma postagem recente, destacou seus títulos como “as melhores sensações da vida”.
A expectativa agora é pela definição do TJ-SP sobre a inclusão dos peritos da defesa no julgamento, o que poderá destravar o processo e levar o caso novamente ao plenário do júri popular.