Bairros periféricos são os que mais registram casos de Covid-19 em Timóteo
Profissionais da saúde apontam uma série de variantes para essa situação
Por Plox
22/06/2021 16h50 - Atualizado há mais de 3 anos
Após mais de um ano da chegada do novo coronavírus no Brasil, os bairros periféricos são os que, atualmente, mais registram casos de infecções pela doença, de acordo com os dados divulgados pelas secretarias de Saúde país afora. Em Timóteo, Minas Gerais, essa situação não é diferente.
De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Prefeitura, entre o período de 17/03 a 21/06, o local que mais tem casos de infecções por covid-19 é o Distrito de Cachoeira do Vale (836), seguido pelo bairro Recanto Verde (686) e, em terceiro lugar, Ana Rita/Esplanada (672).
Ainda segundo o município, nas últimas 24h, Timóteo registrou 27 novas infecções pelo vírus. Desde o início da pandemia, a cidade teve 10.840 casos, sendo 10.432 já considerados recuperados, e 309 mortes confirmadas. Há um óbito em investigação. Na imunização, até 21/6, já haviam sido aplicadas 36.581 doses, sendo que 26.443 em primeira dose e 10.138 segunda dose.
Profissionais da saúde apontam uma série de variantes para essa situação em bairros periféricos. O médico João Alho Teixeira explica que as pessoas da periferia têm menos oportunidades de exercer o teletrabalho. “Seja pela falta de equipamentos e de internet, mas, principalmente, por exercerem menos funções que permitem isso no trabalho”, detalha.
De acordo com o médico, as pessoas que moram em bairros mais carentes também têm menos chances de se manterem financeiramente, saindo menos de casa, “justamente pela precarização do trabalho e pela ausência de garantias trabalhistas”.
João Alho explica ainda que essa população, que mora em bairros fora da área central das cidades, utiliza mais e durante mais tempo o transporte público, o que faz com que a pessoa fique mais exposta à aglomeração.
Outro ponto ressaltado pelo profissional é a diferença do consumo das classes sociais. “As pessoas da periferia conseguem comprar menos de forma online, seja pela falta de crédito para pagar, pela falta de equipamentos e inclusão digital, ou pela oferta menor de serviços para o local”.
Já o médico especialista em Saúde Pública, Lucas Bifano, aponta outras variantes. Ele relata que, durante os períodos de fechamento dos bares e lanchonetes, a população central procura nas periferias lazeres “clandestinos”. Ele explica ainda que um grande fator para esse fenômeno é a falta de fiscalização do poder público fora das regiões centrais dos municípios.
Outro exemplo, à época da Onda Roxa, são as cidades de Coronel Fabriciano e Ipatinga, também no Vale do Aço, que buscaram meios para liberar os bares e comércio não essencial e, como os municípios são próximos, gera uma movimentação de pessoas.
Vale do Aço
Solicitados os dados de covid-19 por bairros, a Prefeitura de Cel. Fabriciano informou o seguinte: "até o momento, não dispomos de dados detalhados por região. Apenas as que constam no boletim”.
Em nota, a Prefeitura de Santana do Paraíso disse que: “a Secretaria Municipal de Saúde de Santana do Paraíso informa que não efetua balanço de infecções pela covid-19 bairro por bairro. A Secretaria faz o levantamento desses números em todo o município”.
Já a Prefeitura de Ipatinga, até a publicação desta matéria, não deu retorno.