Saúde mental: é preciso procurar ajuda para tratar a ansiedade

Especialista dá dicas de como lidar em uma crise

Por Layara Andrade

22/06/2021 11h56 - Atualizado há mais de 3 anos

A ansiedade, que já foi considerada o mal do século, atinge pessoas de todas as idades. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgados em 2020, o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas afetadas por esse transtorno psicológico.

Além disso, o Brasil estava em quinto lugar no ranking de mais casos de depressão. Segundo as estimativas da OMS, 9,3% dos brasileiros apresentam transtorno de ansiedade e 5,8% da população é afetada pela depressão. 

O psiquiatra e especialista em saúde pública, Lucas Bifano, explica que a ansiedade pode afetar as pessoas de diversas formas, tanto nos pensamentos negativos, preocupações antecipadas, mas também pode chegar a aparecer fisicamente, como ter uma taquicardia, queda de cabelo, tontura, falta de ar, dentre outros. 

A advogada Letícia Brandão, 24 anos, conta que desde 2019 já sentia ansiedade, mas que o caso piorou quando precisou realizar a prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “Eu estudava e do nada começava a chorar, vinha muita coisa na minha cabeça, achava que não ia dar conta”, relata. 

Após conseguir passar no exame, Letícia conta que chegou até se sentir mais calma, porém, a situação piorou em 2020, com a chegada da pandemia. “Eu fiquei muito sozinha dentro de casa, doida com medo de pegar covid e alguém que eu conheço morrer”, conta.

Foto: arquivo pessoal

“Eu emagreci muito, chorava constantemente escondida para meus pais não verem e, aparentemente, ‘sem motivo nenhum’. Quando eu percebi que estava ficando careca, eu levei um choque de realidade e foi a hora que decidi procurar ajuda”, relata a jovem. 

Letícia conta que começou a fazer terapia e que foi essencial para a sua melhora. “Não digo que hoje não sou mais ansiosa, mas com certeza aprendi a lidar melhor com a ansiedade e não deixar ela me consumir, porque era assim antes”, afirma. 

O jornalista Victor Eduardo, 26 anos, conta que a ansiedade veio com a pandemia. “Em abril [2020], tive a minha primeira crise de ansiedade e senti tudo aquilo que falam sobre. À época, estava indo dormir e não consegui, foi uma sensação muito ruim e cheguei a pensar se acordaria vivo no outro dia”, declara. 

O jovem relata que ainda sente os efeitos da ansiedade na pandemia. "Às vezes fico ofegante para conversar. Sinto que estou desenvolvendo coisas que antes não tinha”.

Foto: Pixabay

Ainda segundo Lucas Bifano, com a chegada da pandemia, os casos foram elevados. “Houve um aumento em 50% no diagnóstico de depressão e em 70% a mais na porcentagem da ansiedade”. 

Daniele Quintino, de 31 anos, também sofreu com os sintomas do transtorno. “Na minha primeira crise de ansiedade, achei que estava infartando, coração acelerou, braço começou a formigar e eu tremia bastante”. 

O sono de Daniele também foi afetado e ela conta que chegou a ficar quatro dias sem conseguir dormir. “Você se frustra porque não consegue dormir, vem mais pensamentos ruins e vai só adicionando coisa ruim ao seu carrossel de pensamentos”, relata. “A melhora só veio após a procura de um tratamento”, afirma. 

Lucas Bifano orienta que é necessário notar os sinais. “A partir do momento que isso se tornar uma limitação para a pessoa, na rotina, e daquilo que ela faz, é preciso prestar mais atenção”, disse. 

O especialista explica que a ansiedade não tem cura, mas é possível controlar os sintomas; “reserve um tempo para você,⠀diminua a autocobrança, alimente-se bem, faça respiração profunda, meditação e técnicas de relaxamento, pratique exercícios físicos, tenha um tempo de qualidade com família e amigos e descubra um Hobby”.

Se for em um momento de crise, o médico também orienta: “pare o que está fazendo e coloque-se em uma posição confortável. Puxe o ar pelo nariz contando até 4. Segure o ar contando até 2 e solte contando até 6”. 

Outra dica do psiquiatra é compreender o momento. “Entenda que está tudo bem com você. O que está acontecendo é uma crise e vai passar”.


 

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